Sociedade: Degrada-se em Brazzaville Património do MPLA

Sociedade: Degrada-se em Brazzaville Património do MPLA

 Durante a presença do MPLA, em Brazzaville, onde se fixou a partir de 1963 para dirigir a luta de libertação nacional, obteve várias instalações cedidas pelas autoridades congolesas. O Movimento Popular de Libertação de Angola ganhou designadamente um parque gráfico, um edifício destinado a funcionar como sede do movimento e uma residência que albergou o Presidente Agostinho Neto.

Todas estas infraestruturas estão actualmente em degradação acentuada.
 
A casa onde residiu Agostinho Neto, entre 1965 a 1974, situase no Centro de Brazzaville, na avenida Eddite Bongó (filha de Sassou Nguessou e esposa de Omar Bongó, ambos já falecidos) e convive paredes-meias com a residência do Presidente congolês, Dennis Sassou Nguessou e com a fábrica de cerveja Primus.
 
No período da guerra civil, em Brazzaville, a residência tinha sido saqueada e mais tarde recuperada pelos militantes do MPLA naquela cidade. Hoje, alberga a sede da empresa de segurança SOMAC, de interesse angolano e congolês.
 
O seu interior foi modificado e adaptado ao funcionamento de um escritório, mas os actuais inquilinos dizem que são alterações provisórias, a julgar pelo tipo de material utilizado na feitura dos novos compartimentos.
 
Com um quintal vasto, jardim, árvores diversas, muros altos, a residência tem três quartos, cozinha, casa de banho, duas varandas com vistas diferentes, uma cave onde era guardado o armamento que servia as frentes de combate em Angola.
 
A antiga sede do movimento está localizada na avenida de Unidade Africana, no bairro Bacongo Makelekele. Antes da sua cedência ao MPLA, o edifício era a torre de controlo do aeroporto de Brazzaville.
 
Hoje ainda são visíveis as antenas e o cata-vento.
 
O edifício, de um andar, tem cinco salas, hoje transformadas em escola para a comunidade angolana radicada em Brazzaville.
 
No seu vasto quintal, existe um parque desportivo totalmente de gradado e um quadro para projecção de imagens carcomido pelo tempo, bem como algumas armações de baloiços e balizas enferrujadas.
 
Mais ao fundo, na parte frontal ,estão dois compartimentos contíguos, sendo um o Secretariado do Comité de Acção do MPLA, a sede municipal na região de Brazzaville, à esquerda, enquanto à direita está o Secretariado do Comité, a sede nacional, na República do Congo.
 
Lá dentro, no secretariado nacional, a sala é ampla e nela podem ser vistos panfletos com os dizeres: ”MPLA a vitória é certa”, biografia de José Eduardo dos Santos e um jornal mural com recortes do Jornal de Angola, da década de 80.
 
O seu mobiliário é composto por uma estante de madeira, com prateleiras em que se encontram documentos do V Congresso do MPLA.
 
*Terreno de lavoura
 
Entre o edifício principal e os anexos estão cem metros a separa-los.
 
À volta destes, bem como nas suas traseiras, os terrenos foram ocupados com lavoura de hortaliças, por funcionários que guardam as instalações.
 
“É uma forma de guardar as instalações e dar vida a eles”, justificou Fernando Kanga, o representante do MPLA e líder da comunidade angolana em Brazzaville.
 
No sábado, 14, quando chegámos ao bairro Bacongo Makelekele, encontrámos Maco Domingos, 51 anos. Está no Congo há muito tempo e os seus problemas de saúde não lhe permitem decifrar há quanto tempo está ali.
 
O cidadão lembra-se ter sido guarda da embaixada de Angola e agora é um dos funcionários que assegura as instalações. Tem quatro filhos, todos nascidos em Brazzaville. Amealha algum dinheiro cultivando e vendendo couves produzidas no quintal da ex-sede do MPLA no Congo.
 
A antiga tipografia do MPLA, no bairro Mpila II, é a que mais sofreu durante a guerra civil no Congo. As suas paredes foram totalmente arrasadas e os militantes do partido tiveram que cercar o terreno e colocar portões para evitar o açambarcamento pela população, ávida de terrenos baldios.
 
*Fundação Sagrada Esperança projecta aproveitamento
 
A Fundação Sagrada Esperança tem já um programa visando a reabilitação e aproveitamento do património do MPLA no Congo-Brazzaville, deu a conhecer Fernando Kanga, que representa o partido na diáspora congolesa.
 
“Os três empreendimentos foram assinalados como alvos de reparação, por parte de Fundação Sagrada Esperança. A gráfica está em escombros, não tem absolutamente nada e estamos apenas a conservar o terreno e vamos derrubar as últimas paredes e permitir que ali nasça um empreendimento de valor que possa dar o significado da passagem do MPLA por stas terras”, disse Fernando Kanga.
 
*A instalação em Brazzaville
 
Na sequência dos acontecimentos de Léopoldiville (actual Kinshasa), a direcção do MPLA transfere-se para Brazzaville, em 1963.
 
Estes acontecimentos coincidem com a revolução das três jornadas gloriosas, três dias de manifestação (13, 14 e 15 de Agosto de 1963), que permitiu a instalação de um regime de esquerda (marxista) na margem direita do rio Congo, o que facilitou um melhor acolhimento do MPLA naquele país.
 
Brazzaville converte-se assim na rectaguarda segura da luta armada de libertação nacional e ponto de chegada da maior parte do apoio logístico e material que o MPLA foi recebendo de países africanos, socialistas da Europa, de Cuba e de organizações filantrópicas de países ocidentais.
 
A instalação no Congo-Brazzaville, de acordo com a recolha feita no livro História do MPLA, Iº volume, página 256, “permitiu a reorganização do MPLA para uma nova fase de luta”.
 
A reorganização do MPLA em Brazzaville só foi possível graças à tenacidade, determinação e persistência de Agostinho Neto e dos militantes que haviam transitado da antiga direcção (Lúcio Lara, Iko Carreira, Hoji Ya Henda, Deolinda Rodrigues, Eduardo Macedo dos Santos, Desidério Costa, entre outros).
 
O diplomata angolano Emílio Guerra lembrou que o Congo acolheu o centro de comunicações “Angola combatente”, para além de várias bases militares angolanas nos primórdios da luta de libertação.
 
Entre as pessoas com quem Emílio Guerra se lembra de ter trabalhado como especialista de telecomunicações, está José Eduardo dos Santos, tendo sido descrito por muitos companheiros, enquanto esteve em Brazzaville, como “homem muito calmo e exímio guitarrista e apreciador de música”.
 
Emílio Guerra assumiu que é de todo meritório reconhecer que o Congo faz parte da história da libertação nacional.
 
 
 
José Meireles/Jornal O País
 

Comentario

Kota manguxi

Melancia | 27-08-2010

Respeito esse kota, o manguxi(agostinho neto) foi dos poucos angolanos inteligentes e visionarios e politicos carismaticos que ja nasceram em angola e em africa

Sede do MPLA em Brazaville

Manguras | 27-08-2010

Quantos Nando's ou Kopelipas estao nesta Foto?
Foram escoracados de Leopolville simplesmente porque foram desmascarados os verdadeiros designioes desta Seita Satanica que eram antagonicamente opostos aos ideais libertadores e independentistas.

Basta ver aonde viemos parar hoje com a dignidade do homem Angolano e a Luxura do estrangeirismo Luso-tropicano e Crioulo para o Lucifer ver e Gozar

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