Rwanda: Governo ameaça retirar-se de operações da ONU

Bruxelas - A ministra dos Negócios Estrangeiros do Rwanda, Louise Mushikwabo, declarou hoje (quinta-feira) que o seu país vai retirar os seus contingentes das forças de manutenção da paz da ONU, se o relatório for divulgado que implica o seu país sobre violações dos Direitos humanos.
A ministra contestava as informações contidas num relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
O relatório de 600 páginas do ACNUDH dá conta de crimes de massa cometidos nos campos de refugiados rwandeses na República Democrática do Congo (RDC) entre 1996 e 1998 pelas tropas do Exército Patriótico Rwandês (APR) contra hutus.
Segundo o ACNUDH, estes "crimes" poderiam ser qualificados de genocídio por um Tribunal competente que seria criado para este efeito.
No entanto, em entrevista ao jornal belga "Le Soir", a ministra rwandesa dos Negócios Estrangeiros disse que, com este relatório, a ONU busca desviar a atenção da comunidade internacional, após o seu último fracasso na Região dos Grandes Lagos "onde recentemente mais de 200 mulheres e crianças foram vítimas de violações sexuais massivas por rebeldes hutus rwandeses, sob o olhar das tropas da organização onusina desdobradas na RDC".
"Como se pode proferir acusações tão graves contra as forças armadas rwandesas, às quais a ONU pediu para participar nas operações de manutenção da paz", interrogou-se Louise Mushikwabo.
A ministra acusou os autores do relatório de parcialidade por terem negligenciado pedir o parecer do Governo rwandês, depois de recolher as informações de cerca de 200 Organizações Não-Governamentais.
Louise Mushikwabo denunciou, por outro lado, que a nota verbal que ela enviou ao Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, para o advertir sobre este relatório tenha sido divulgada.
O relatório do ACNUDH conteria numerosos testemunhos de tesmunhas sobreviventes dos massacres que descrevem de maneira pormenorizada as condições nas quais os soldados do APR massacravam os refugiados hutus, indicando aos inquiridores as zonas das valas comuns onde os corpos das vítimas foram deitados.
Três mil e 600 soldados rwandeses estão desdobrados no Sudão no quadro de uma força conjunta da ONU e da União Africana UNAMID) colocada sob o comando do general rwandês Emmanuel Karenzi Karake.
Ban Ki-moon convida Rwanda a manter seus soldados na força da paz
Entretanto, o secretário-geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), o sul-coreano Ban Ki-moon, convidou já nesta quinta -feira o Rwanda, que ameaça a retirar os soldados da paz no Sudão, à rever a sua posição para não perigar a estabilidade da região.
Saudando a contribuição do Rwanda às missões de paz, Ban Ki-moon, que visita Viena, disse esperar que essa contribuição continuará para a paz e a segurança na região.
"A paz e a segurança em Darfur e no Sudão têm implicações para a paz em toda a região", advertiu.
Um projecto de relatório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pormenorizou os massacres, violações e pilhagens cometidos por miliatres de vários países, nomeadamente, do Rwanda durante as duas guerras que decorreram no antigo Zaire.
Fonte: Angop
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