Rafael Marques, o jornalista mais capaz de escrever sobre a corrupção de negócios entre Angola e o Estado português

Rafael Marques, o jornalista mais capaz de escrever sobre a corrupção de negócios entre Angola e o Estado português

"Tenho argumentado que José Eduardo dos Santos personifica a promiscuidade por si próprio denunciada como o pior mal do seu governo. Também tenho afirmado que o desrespeito pelas leis estabelecidas é uma constante no quotidiano de Sua Excelência." Rafael Marques 

 
Num país como Angola, denunciar a cleptocracia e a corrupção implica coragem. A coragem física de quem já esteve dentro de um carro da polícia que parou por nenhum motivo aparente no tabuleiro de uma ponte deserta, um clássico do autoritarismo cínico que está para a violência psicológica como os espancamentos com listas telefónicas estão para a tortura. 
 
E a coragem de quem provavelmente poderia trabalhar fora de Angola, mas prefere tentar recuperar o seu país. Quem ouvir e ler (1 , 2 , 3[pdf] ) Rafael Marques não pode deixar de sentir uma enorme admiração por este homem. Ele não brinca ao jornalismo de investigação; não inventa causas de méritos duvidosos (os fundamentalistas dos direitos dos animais que não deixam de ir a farmácias e hospitais), nem surfa as ondas que todos podem facilmente apanhar (os "novos ateístas" de um mundo em que a Igreja Católica vai perdendo autoridade moral e institucional).
 
A coragem de Rafael Marques não é propriamente uma novidade, visto que este jornalista ganhou o prémio Percy Qoboza Award para Outstanding Courage e o Civil Courage Prize (Train Foundation, EUA). Mas a prosa que se lê no seu site, o Makaangola , não é a quem cultiva a imagem de herói, antes a de um jornalista de investigação que reconhece não fazer mais do que confrontar elementos recolhidos junto de fontes públicas com declarações políticas, a Constituição e o Código Penal de Angola, as resoluções da Assembleia Nacional Angolana e as convenções contra a corrupção (das Nações Unidas e da União Africana) que Angola assinou. 
 
Rafael Marques não precisa de uma grande máquina para fazer o seu trabalho e provavelmente dispensa até fontes bem posicionadas. O que ele faz é a denúncia de "o rei vai nu", embora, em rigor, Eduardo dos Santos vá mais vezes de Armani. Como na história de Andersen, em que é uma criança a dar o alerta, só mesmo alguém com uma desarmante pureza pode desempenhar esta missão, o que também explica que Rafael Marques evite ficar pelas insinuações vagas de conversa de café a propósito de sinais exteriores de riqueza ou de casos óbvios de nepotismo. 
 
Há no seu trabalho cuidado e paciência, uma vontade de contar com detalhe e de falar dos intervenientes sem medo, como se fossem personangens de um conto infantil e não líderes de um país com um pasado recente de grande violência. 
 
Rafael Marque é também o jornalista mais capaz de escrever sobre a corrupção associada a negócios entre Angola e as empresas e o Estado português. Não sei se por complexos de ex-colonizador, se por pressões vindas do topo dos grupos económicos ligados aos media ou se por quase toda a gente ter hoje pelo menos um amigo a ganhar dinheiro em Angola ou por causa da Sonangol, parece haver pouco interesse em relatar e acompanhar todas estas negociatas, apesar do que vai aparecendo. 
 
Os portugueses já sabem o que Eduardo dos Santos faz com a sua fundação privada, a FESA, e como os seus três amigos (Manuel Vieira Dias, Leopoldino Fragoso e Manuel Vicente) controlam a ultra-centralizada economia angolana. Mas sabe-se cada vez menos sobre o que provavelmente começa a fazer-se cada vez mais, desde a intensificação das relações comerciais entre Portugal e o "estado gangster" que é Angola. Ribeiro e Castro , por exemplo, quando há uns dias, em plena deslocação oficial a Angola, foi confrontado com as declarações de Rafael Marques, aplicou uma das receitas do manual de respostas a perguntas inconvenientes e adiantou apenas que eram prova da liberdade de expressão que já existia naquele país. 
 
É claro que falou mais a circunstância de Ribeiro e Castro do que o homem propriamente dito, mas o episódio lembra que os tentáculos do polvo angolano estão a chegar a toda a parte e a necessidade de distinguir o polvo do povo. Que venha a ser Rafael Marques o cronista da presente e futura história da corrupção entre Portugal e Angola diz muito do seu mérito, mas também do nosso conformismo e de como o espectro da pobreza e a total subserviência aos mercados nos piora. 
 
 
Fonte: Expresso  
 
 
 

Comentario

Como é que sabes das pedras preciosas

Qualquer | 20-11-2010

És uma tristeza mano
Deixa de brincar de pateta,com certeza tanbém lutas para sair da casa dos teus pais, estas a juntar algum dinheiro para conprar um autómovel para poderes ir para o shoping, convencer que és informatizado.
A parte lesada terá os pórprios meios de se auto defender.
Não sei o que tens dito, aposto que foges a seguir.
Não me lenbro de ler nas matérias do Rafael o pedido de publicitários.
Vai vender fuba longe...palerma!

Admiro mto o rafael...

anonimo | 19-11-2010

Rafael Marques é um heroi.

Rafael Marques

Cassulo | 19-11-2010

só quero saber que foi fazer rafael no kuango será que nao foi aprocura da pedra preciosa? quem lhe paga nao será os serviços especias da frança? suiça? e cia? se o rafael me responder com franquesa que diz ter e me convencer entao ai serei um dos mais fervorosos publicitario dos teus ditos... tenho dito

Re:Rafael Marques

Fã de rafael Marques - Dundu/Lunda norte | 19-11-2010

Caro Cassulo, esta tua questao sobre o que Rafael foi fazer no Kuango, sinceramente. Angola é um país independente e o rafael é um homem livre, sera que le precisava de guia de marcha para ir ao kuango? Nao ouviste a entrevista que ele deu a TSF e esta publicada(em audio) nste mesmo ste a-patria?La podes ouvir que o rafael esta a fazer uma investigaçao relacionada com gente que trabalha para generais no garimpo e que depois sao misteriosamente mortos e os seus corpos carbonizados. ntao pode ser que ele se deslocava la a trabalho...ele é um homem livre e esta apenas a trabalhar o governo/Mpla que faça o seu.

Re:Rafael Marques

Cunze | 22-11-2010

Este "Cassulo" e u especiemen tipico dum JotaMPLA.
A Sheer stupid....
Fale-nos da essencia do Assunto e nao venha ca distrair as Pessoas.
O voos deus intituiu a'nada morta "Tolerancia Zero" para que?
Ele disse que ha milhoes de camaradas de ma fe que roubam o erario publico e imiscuem seus negocio privados com a coisa publica...Sera que e mentira?!!!

Filhos nao dei de que tipo de coisas...
Cuidem da vossa Sarna e nao inventem culpados onde so existem voces e vossas sombras...

2012 seja o fim do Calvario angolano, ja velo de 35 ansos, OXALA!!!

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