José Eduardo dos Santos e o Estado da nação

José Eduardo dos Santos e o Estado da nação

 

A guardado com muita expectativa por todos os actores do cenário político nacional, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, faz, no dia 15, o seu primeiro discurso sobre o estado da Nação na Assembleia da República. Trata-se de um acto inédito desde a proclamação da independência, a presença do Presidente da República na abertura do ano legislativo.
 
 Habitualmente, por ocasião do fim de ano, o Chefe de Estado dirige uma mensagem à nação. Nestas ocasiões, o Chefe de Estado costuma fazer o balanço dos vários programas do Executivo durante um ano e perspectivar para o ano seguinte, as orientações políticas, económicas, sociais.
 
No seu primeiro discurso sobre o estado da Nação, Eduardo dos Santos deverá abordar a actual conjuntura política interna e externa. Os temas económicos e sociais deverão constar também do discurso.
 
 Mais do que a abordagem sobre obras feitas, a classe política espera que o discurso presidencial espelhe a situação da Nação, bem como anuncie acções e perspectivas futuras para Angola.
 
“O País” foi saber o que se espera de um discurso sobre o “estado da Nação”, ouvindo alguns actores da política nacional. Enquanto uns fizeram os seus prognósticos, outros reservaram as suas opiniões para depois do dia 15.
 

 

FALTA APROFUNDAR A PAZ POLÍTICA E SOCIAL 
 
Começamos por ouvir Ngola Kabangu,  líder da bancada parlamentar da FNLA. Este político lembra que este acto está consagrado na Constituição. “Como é uma novidade estou expectante em relação à mensagem do Chefe de Estado”, diz. Enquanto líder da bancada e presidente da FNLA e, também, como cidadão confessa-se “muito interessado em saber o que Presidente da República tem a dizer à Nação”.
 
Ngola Kabangu adianta que “gostaria que o discurso abordasse de forma profunda o processo de paz, sobretudo a consolidação da paz política e social”. Para o parlamentar, a paz militar alcançada há oito anos “deve ser transformada rapidamente em paz política e social, o que significa que todo povo angolano deve viver em paz”.  O processo da reconciliação nacional é um outro aspecto da política doméstica que a FNLA gostaria de ver referido no discurso de José Eduardo dos Santos.  Segundo Kabangu, “seria importante o Presidente fazer o seu balanço, esclarecendo os seus caminhos de forma a criar uma base sólida para uma cultura de reconciliação nacional”.
 
Em relação à governação, a mensagem presidencial “deve reflectir sobre o processo de reconstrução nacional, nomeadamente nos aspectos políticos e económicos”.
 
O deputado salienta que José Eduardo Santos, enquanto garante da Constituição, “deveria reafirmar a sua vontade de impulsionar o processo eleitoral de 2012”. “Todos os angolanos aguardam serem chamados a exercerem o seu direito de voto para eleger os seus representantes”, asssegura o nosso entrevistado.
 
Para Ngola Kabangu, a paz militar é uma realidade em todo o território nacional, “à excepção de Cabinda”: “agora, é preciso que a paz militar seja convertida em paz política e social”. Segundo o lider da FNLA,  “é preciso que os angolanos saibam viver juntos, coabitando na diferença, tendo em conta que cada partido tem o seu programa, a que qualquer cidadão tem o livre direito de aderir sem constrangimento”.
 
O deputado considera que a coabitação política não tem sido muito pacífica, “sobretudo no interior do país”, onde surgem relatos de alguma intolerância política. Neste sentido,  Kabangu defende que é chegado o momento de colocar um ponto final nestas situações: “é preciso que os angolanos saibam viver na diferença” .
 
Segundo o nosso interlocutor, “os angolanos estarão plenamente a consolidar a paz social e a política quando puderem livremente participar na governação do país”.
 
“Vivendo em Angola e sendo um actor político activo considero que o sistema político tem algumas falhas ou fissuras que precisam de ser corrigidas e reparadas”, refere.
 
Para o parlamentar, a falta da paz social relaciona-se com as deficiências existentes nos serviços básicos em sectores sensíveis, como a saúde, educação, segurança alimentar, habitação condigna. “Os angolanos devem necessariamente sentir os benefícios da venda do petróleo”, diz.
 
Kabaungu  dá um exemplo: “Podemos demolir um bairro, mas temos que fazer a planificação do realojamento, o que nem sempre é realizado”. Aquele político salienta que a persistência destes actos cria tensão social e leva à realização de  manifestações, greves e outros actos que “prejudicam a paz social”.  “Na capital, Luanda,  ainda se verificam falhas no fornecimento de água potável e energia, o que também gera revolta do cidadão e instabilidade social”, salienta.    No domínio da política externa, Ngola Kabangu  espera que se aborde a situação geopolítica de Angola, lembrando que o país está integrado em duas comunidades sub-regionais ao nível da África central e austral.
 
“Nesta última região, temos um grande parceiro, a África de Sul, que não pode ser vista como adversário, mas sim como parceiro económico”, adverte o politico. “Trata-se de um país com elevada pujança económica”, diz. Kabangu defende que “os dois paises podem estabelecer uma grande parceria para desenvolverem economicamente a região e contribuirem para a sua estabilização”. Em relação à África Central, mais concretamente quanto à vizinha República Democrática do Congo (RDC), um “gigante económico adormecido e com grande peso demográfico”, na opinião do nosso interlocutor, “Angola deve enunciar políticas claras de cooperação e de coabitação em detrimento do envolvimento em conflitos desnecessários”. A expulsão dos angolanos da RDC, o conflito fronteiriço são situações que devem pertencer ao passado na opinião do lider da FNLA. No seu entender, a “cooperação  efectiva” entre os dois países, beneficiaria o desenvolvimento da região.
 
Para o parlamentar, na abordagem da política externa não faltará a menção aos esforços de Angola, enquanto presidente da CPPL, na estabilização da Guiné – Bissau.   A terminar a conversa que manteve com O PAIS, Ngola Kabangu não deixou de elogiar a nova postura do Presidente da República: “é benéfica para o país e demonstra coragem em vencer algumas barreiras e constrangimentos que nos habituámos a ver”. Outro aspecto que o lider da FNLA destaca é a influência positiva da presença de José Eduardo dos Santos na abertura do ano parlamentar na sua imagem institucional.
 
“Ao abordar de forma directa os problemas do país com a diginidade de um discurso sobre o estado da Nação dará uma imagem positiva”, conclui Ngola Kabangu. 

 

*O país

 

 

Comentario

ESTADO DA NAÇÃO

PESRO RICARDINO | 19-10-2010

MEUS CAROS COMPATRIOTAS JES NÃO TEM MEDO E NUNCA TEVE MEDO DE SAIR DO PODER, ELE SEMPRE SOB DIRIGIR OS DESTINOS DESTE PAÌS.
AGORA MEUS CAROS AMIGOS EM NENHUMA PARTE DO MUNDO EU VI UM PRESIDENTE POBRE E SEM BENS. SEGUNDO :EM TODA PARTE DO MUNDOS TODOS OS PRESIDENTES TEM DIREITO A UMA PERCENTAGEM DOS RENDIMENTOS DA RIQUEZA DO PAÌS.
AGORA SE ANDAM DESEFOPRMADOS QUE SE INFORMEM MELHOR!

RICARDO LUBANGO -HUILA

Matou atudo e todos agora encontra-se isolado na Pole Position. E ele contra ele proprio. E agora Sr, Jogador Abitro?!!!

Denver | 07-10-2010

To be or not to be, this is the Question....
Ele e seus mentores estabeleceram metas ambiciosas a seu tempo imaginario. So que vareram tudo quanto queriam e mais um sem fim de coisas.
Agora estao perante um dilema... Ja multi-ultrapassou a meta ficticia e o Caminho parece nao ter fim....

marçal

juka | 06-10-2010

este é com muito orgulho, meu presidente. acabou com a guerra e esta a desenvolver o país.

Coitado

WangaWabu | 06-10-2010

Está velho demais, quer sair, mais se sair vai pra cuzú...o que fazer?

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