O discurso musculado de Rui Falcão

O discurso musculado de Rui Falcão

 Ao afirmar que «não podemos aderir em ati­tudes impensadas e irreflectidas trazidas por pessoas que nada fizeram por este país, que o destruíram e continuam, pelas mais diversas formas, a querer atingir o poder», Rui Falcão demons­trou ter assimilado a velha ideia de que as forças gover­namentais disparavam contra pedras e árvores. 

 
Se por um lado, prestou um bom serviço político, por outro, Rui Falcão prestou um mau serviço à nação, por levantar questões que já foram ultrapassadas em Abril de 2002, no Namibe, em acto que sucedeu o calar das armas. 
A Unita não lutou contra si, mas sim contra uma outra força que, para alcançar a paz, teve também que destruir e matar em circunstâncias que a necessidade da luta im­punha. Os dois mataram, destruíram e saquearam. 
 
O fenómeno que agora assistimos ainda não é com­pletamente perceptível, mas convenhamos que o MPLA está a provar do próprio veneno do que se tem em me­mória da governação em maioria absoluta. 
 
Reza a história da humanidade que todos governos absolutos sempre tiveram dificuldades para governar e, em Angola, a história não foge à regra. Foi o MPLA que prometeu um milhão de casas em quatro anos, prometeu empregos, educação, fortalecimento da imprensa priva­da, vida melhor para os angolanos, enfim, só não prome­teu o Céu porque seria uma mentira crua e nua. 
 
Na mesma medida, «foi o próprio MPLA que aprovou a Constituição, dizendo que a terra é do Estado e não do povo, protagonizou demolições, encerrou o Roque San­teiro e não criou as condições que se impunham para acomodar os seus vendedores e proibiu a importação de viaturas usadas para o país», disse Daniel Domingos «Maluca» ao SA. Entretanto, estas duas últimas medidas afectam em demasia a população, pelo facto de ter colo­cando em risco a sobrevivência de muitas famílias que, através do Roque Santeiro e da importação de viaturas usadas, conseguem o seu ganha-pão. 
 
Não menos importante é o facto de «o próprio MPLA ter feito no passado mês de Maio um reajuste na ordem dos 5,4% nos salários da Função Pública, para em Agos­to subir o preço dos combustíveis em cerca de 50%. Ou seja, foi dar com a mão direita e receber com a esquerda», adiantou. 
 
Tudo isso tem consequências negativas na vida da po­pulação e, consequentemente, eleva os índices da pobre­za através do custo de vida que se torna cada vez mais alto. 
 
Situações como estas estão na base das reivindicações em Moçambique e na África do Sul, onde o fenómeno já dura mais de duas semanas. 
Na verdade, «o Partido no Poder está preocupado com a fraca capacidade de execução das empreitadas que se predispôs a cumprir durante a presente legislatura, o que periga sobremaneira a sua continuação no governo». 
 
Por outro lado, pode ter sido programada para esva­ziar três elementos que marcaram a semana que hoje ter­mina. A primeira é a morte de um Jornalista da Rádio Despertar, assassinado neste domingo, na sua própria residência em circunstâncias ainda não esclarecidas. 
 
A segunda foi a conferência de Imprensa da Juventude Unida Revolucionária de Angola, JURA, braço juvenil da UNITA, em que apresentou um programa de longo termo, que visa através de meios pacíficos e democráti­cos encetar uma luta contra a corrupção a todos os ní­veis. O mesmo programa contempla várias fases, a julgar pela sua complexidade. 
 
 
Discurso completamente voltado para o passado 
 
 
Reagindo, entretanto, à posição do MPLA, o secretário para In­formação da Unita, Alcides Sakala, considerou que os pronunciamentos, quer do Bureau Político, quer o do seu secretário para a Informação, agridem a pátria, por, segundo ele, se tratar de um «discurso extemporâneo e completamente voltado para o passado». 
 
Alcides Sakala, que falava ex­clusivamente para o Semanário Angolense, adiantou que os mes­mos pronunciamentos «servem para justificar o fracasso das po­líticas económicas e financeiras do actual executivo» que, sendo assim, prosseguiu, «penso que é um crime de lesa a pátria». 
«A Unita entende que ela en­quanto oposição vai continuar, no quadro da lei angolana, a levantar questões, a criticar e a denunciar comportamentos que não vão de encontro ao Estado de Direito que queremos conso­lidar em Angola», referiu. 
 
Por outro lado, adiantou que as acusações feitas não têm fun­damento e procuram desviar a atenção dos reais problemas que os angolanos na generalidade vi­vem. «As situações sociais, sobretu­do as que o nosso país hoje vive, exigem uma abordagem muito delicada para se evitarem situa­ções idênticas as que ocorrem em Moçambique e na África do Sul», disse. 
 
Referiu ainda que é o próprio MPLA que, no caso da inércia da oposição tem dito, com uma tó­nica de ironia, que não há oposi­ção no país, mas, por outro lado, quando a oposição se pronuncia primeiro é censurada pela Co­municação Social e depois o país assiste a «barbaridades como estas que temos vindo a escutar nestes últimos dias, não só neste último comunicado do Bureau Político, mas em artigos de opi­nião que têm surgido no Jornal de Angola». 
 
Para ele, a Unita está no ca­minho certo enquanto oposição e sobretudo enquanto força de alternância ao poder político ac­tual em Angola. 
Com este discurso, avançou, «querem assustar as pessoas e levantar o espectro da guerra novamente, mas o Bureau Polí­tico do MPLA esquece-se que o mundo hoje mudou, já não esta­mos no contexto da guerra fria, já não estamos na confrontação leste-oeste, o muro de Berlim já se foi embora, a guerra em An­gola terminou há oito anos e que hoje há uma nova geração que desponta nesta nova sociedade que já é produto da paz». 
 
 
 
Fonte: SA
 
 
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Comentario

ESTOU MUITO PREOCUPADO, AJUDEM-ME

MINGO | 12-09-2010

POR FAVOR, SERÁ QUE NINGUEM ME OUVIU? ATÉ APAGARAM O MEU COMENTÁRIO:
O MPLA ESTÁ A RECOLHER NO HUAMBO OS NÚMEROS E AS BRIGADAS DOS CARTOES ELEITORAIS DE FORMA ARROGANTE, E EU SOU MILITANTE DELES MAIS O MEU VOTO PRETENDO OFERRECER A OUTRO POR MAIS PIOR QUE SEJA. SERÁ QUE É NORMAL? ME RESPONDAM POR FAVOR, ESTOU AFLITO.

Re:ESTOU MUITO PREOCUPADO, AJUDEM-ME

Sonia Varela - Luanda | 12-09-2010

Nao entendi muito bem explica melhor...
E se isto esta a acontecer nao sera que é uma medida normal para se registrar estas pessoas no sistema eleitoral? E é o MPLA ou outra entidade que esta a fazer isso tens de dar melhores detalhes para que possamos entender-te...

Re:Re:ESTOU MUITO PREOCUPADO, AJUDEM-ME

Vigia | 13-09-2010

Humm! É interessante a preocupação do Mingo, porque de posse do numero do cartão e com o local de registo, pode-se fazer a votação por ele. Sem necessariamente a presença do mesmo. Aí ja dá pra ver o que se poderá fazer, né?

Huambo

kapapelo | 12-09-2010

O MPLA tem sorte de ter um povo bastante pacifíco. Eu pergunto se o povo Monçabicano não tivesse feito aquela manifestação, Guebusa repensaria, com o corte das principais despesas? penso que não. Ola, toda a politica macroeconómica Sr. Rui Falcão é para o médio ou longo prazo(que nem se sabe se vai realizar) mais os efeito da medida é emediato(ex: a subida do combustível), o vosso maior erro e o que vai vos tirar do poder é o vosso "SILÊNCIO", habilitem-se a informar ao povo, "no mundo capitalista a informação é ouro"

Acabou

Minu | 12-09-2010

infelizmente o Mpla acabou, esta quase no fim... sera conselho é se for dada por pessoa da mesma familia dentro...Rui Falcao ajudou empurar o mpla para o desaparecimento, assim como MPR, zaire do Mobutu, LIKUDE, de Sandan usain, iraque... força rui falcao ou ja fugiu para lisboa?

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