Moradores do Kimbele, no Camama, vivem inseguros

Moradores do Kimbele, no Camama, vivem inseguros
Os habitantes da área do Kimbele, na Comuna do Camama, município do Kilamba Kiaxi, em Luanda, queixam-se de ameaças constantes por parte de supostos empresários, que anunciam pretensões de construir condomínios no local.
 
Segundo disse à nossa reportagem José Martinho, de 51 anos de idade, quase todas as semanas o bairro recebe visitas de pessoas que se dizem interessadas em  investir ali, no ramo imobiliário, com a agravante de não conversarem nada com os moradores.
 
“O que nos preocupa é que esses empresários vêem aqui, conversam entre si sobre projectos de condomínios na área, medem, apontam, observam o perímetro e nem sequer falam connosco”, lamentou, tendo manifestado a sua desconfiança sobre um possível envolvimento dos elementos da comissão de moradores.
 
Por causa disso, Zé Maria, como é carinhosamente tratado José Martinho, assegurou que ele e a maior parte dos seus vizinhos não têm muita esperança de continuarem a vida nessa área do Camama.
 
“Nas suas conversas já se ouviu que o bairro vai ser destruído, para dar lugar a um projecto mais urbanizado”, revelou, adiantando que o facto de o bairro se encontrar a escassos metros do quintal da Cidade Universitária é usado como pretexto por parte dos pretendentes.
 
Na verdade, a área do Kimbele loca- liza-se ao lado direito daquela que se advinha ser a entrada principal do referido campus universitário, para além do encosto a sul de infra-estruturas urbanizadas, a jeito de condomínios.
 
A zona da administração comunal e a estrada principal do Camama completam-lhe os limites a Norte e a Oeste, respectivamente.  Zé Maria adiantou ainda a este jornal que, muito recentemente, apareceu um empresário no bairro, o único que deixou uma proposta financeira aos moradores.
 
“Há coisa de dois meses, tivemos aqui um empresário que se predispôs a oferecer entre 30 e 60 mil Dólares americanos, para cada morador”, referiu, acrescentando que a oferta havia de variar, de acordo com as dimensões da casa ou do terreno de cada um dos proprietários.
 
O pretendente esteve por duas vezes no bairro e já havia recomendado a elaboração de uma lista, que contemplasse metade dos habitantes.
 
A astúcia do empresário deixou muito interrogado o nosso entrevistado, ao ponto de se questionar,”como é que um uma pessoa chega aqui e tem coragem de propor pagar todo mundo sem o consentimento da administração?” E acrescentou:”não acredito que eles não saibam nada disso”.
 
Pelo que O PAÍS apurou do próprio, essa pretensão não chegou a efectivarse, porque os populares que vivem ao lado da estrada rec haçaram-na, alegando que a proposta não compensava os gastos já feitos até àquela data.
 
“Se não fosse a posição contrária dos nossos vizinhos da rua da estrada, eu e muita gente com quem conversei sobre o assunto teríamos abraçado a oferta, para evitar essas intimidações”, desabafou.
 
Zé Maria espera que a comissão de bairro ou a administração comunal se pronunciem sobre o assunto para que os residentes não vivam constantemente aflitos.  Por seu turno, o jovem Firmino considerou essas e outras pretensões como um negócio onde alguns cúmplices permanecem escondidos.
 
“Eu considero que  isso é mais um negócio entre os dirigentes do bairro e essas pessoas que vêm ameaçar ou aliciar os moradores, porque se eles estivessem a agir sozinhos, nem deviam chegar aqui”, argumentou, alegando que conhece áreas de Luanda que foram conquistadas da mesma maneira.
 
Para ele, a julgar pelo tempo que essa cobiça dura, a própria comis são de bairro já devia conversar com a população, até porque esta recorreu várias vezes aos responsáveis que a compõem, para lhes informar dos acontecimentos. 
 
À semelhança de Zé Maria, Firmino disse que a população do bairro não vive tranquila, porque desconfia que, a qualquer momento, despertem para um dia de demolições.
 
Prova disso, revelou, foi o dia em que nos deparamos com Bulldozers e Caterpillars, os conhecidos camartelos, do outro lado da estrada.
 
“Depois de termos saído em massa para inquerir sobre o objectivo daquelas máquinas aí, os homens da comissão disseram-nos que estavam de passagem para a Cidade Universitária”, explicou, contrapondo que a universidade tem um quintal muito grande onde deviam estacionar as maquinas.
 
Questionado se nessas ocasiões já avistaram algum funcionário da administração local, Firmino reconheceu que os homens da repartição em tais circunstâncias aparecem, mas sublinhou que é mesmo isso que preocupa a comunidade de Kimbele.
 
Para apurar a veracidade dos factos, O PAÍS dirigiu-se à administração.
 
Nessa instituição não foi possível contactar o administrador, que segundo o pessoal da secretaria em serviço na terça-feira, 19 (12h:49), tinha saído para uma reunião, uma hora antes.
 
 
ENERGIA POR UM TRIZ 
 
 
 
Como a maior parte dos bairros que emergiram na capital do país, do ano  2000 até ao presente, o bairro do Kimbele não possui energia eléctrica. Entretanto contam os moradores que tal proeza estava perto de se efectivar, não fosse o passar rápido dos dias 5 e 6 das últimas eleições legislativas de 2008, de acordo com José Martinho de 51 anos de idade.
 
“Em 2008, durante a campanha eleitoral, vieram conversar connosco, prometeram colocar energia e até começaram a fazer isso. Só que os benefícios foram apenas para o bairro do outro lado e nós fomos preteridos para depois das eleições”, desabafou, informando que, até à data da reportagem, nunca mais veio alguém a falar do projecto.
 
Para justificar o seu descontentamento, o morador apontou com o dedo em riste para o outro lado da estrada asfaltada, onde, ao longe, se viam facilmente postes eléctricos e até algumas residências com lâmpadas acesas.
 
Na ocasião, o nosso jornal procurou saber sobre a empresa que levou a empreitada da instalação da energia, tendo sabido de José Martinho que foi a EDEL (Empresa de Distribuição de Energia Eléctrica de Luanda).
 
Quanto à água, o morador disse que os habitantes do Kimbele ainda compram o precioso líquido em tanques residenciais subterrâneos, a um preço que varia entre 50 e 70 Kwanzas por bidão de 25 litros.
 
“Já houve uma semana, em Dezembro de 2009, que nós comprámos o referido recipiente de água a 100 Kwanzas, porque o fontenário do Kikuxi estava em manutenção”, lembrou.
 
Segundo apurou O PAÍS de José Martins, o bairro é atravessado por uma conduta de água, uma situação que aumenta ainda mais o constrangimentos dos habitantes, que alegaram terem-se apercebido disso aquando do primeiro acidente que houve no canal, há dois anos.
 
“Só beneficiamos da água da conduta, durante uma semana, quando esta rebentou pela primeira vez”, ironizou.
 
 
Video: o drama dos ex-moradores da Chicala transferidos para o projecto de habitação Panguila - Um espelho da realidade da maioria dos angolanos transferidos para "novos bairros".
 

 

 

 

Comentario

Diaspora

Mpasi za Mwana Hata Kimbelenes | 30-10-2010

Eu peco ao todo Kimbelense para resistir ate ao fim
o povo do Kimbele nunca tem medo de Nimguem desde os tempos
dos nossos ante passados seguimos o exemplo do nosso heroi Mbianda Ngunga que tombou heroicamente, nada de medo se o MPLA teem brincado com os Umbundos esta vez quer pegar onde nao se pega, cuidado com este povo sao determinados e sem medo
Viva o Povo do Kimbele
Agora vou en Kikongo nosso do Kimbele
Bana ba hata buabu yi lusinikinanga makasi ndieme buangenza
Mpla katambi nzaka te tu songa nde besi Mbela ba tamba nzaka ko
te lusonga nde beto yi bakua nzi yayi lukadi ya bueya ko , a ba nzionzia ka tambisa nzaka ka kuamana yi Mbela ko nzi yayina yeto
bawu benda bekabudi kuna batuka tu bazeko
mbanisi kiambote kieno benu kulu kuna Luanda
Muana Hata kuna mputu nzei nde luwidi benu kulu

estudante em sao petersburg russia

anonima angolana | 24-10-2010

sinceramente, os dirigentes angolanos do MPLA sao uns autenicos prdadrs-vende-patrias e mata-povo! Votemos contra o mpla nas proximas eleicoes se faz favor, estes senhores precisam de passar um bom tempo na oposicao!

nao saiam dai!!

joao paulo | 24-10-2010

Irmaos!!Nao saiam dai!So saiam dai se tiverem garantias de ir para um sitio melhor,senao,nao saiam dai!fiquem aonde estam!Esse pessoal nao tem sitio praonde vos por,tudo o que eles estam a fazer e pra o ganho deles!pro bolso deles!eles nao esam preocupados com o vosso bem estar nem com dos vossos filhos..Voces nao sao gado nem animais,sao seres humanos e se todos se materem unidos vao ser precisos muitos camartelos pra vos tirar dai e tantos camartelos assim eles nao tem..defendam os vossoa tetos irmao e nao tenham medo!

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