Hegemonia do MPLA em clima geral de endurecimento político
Pesquisa
1 . A política do regime face à oposição e a sectores da sociedade civil organizada que considera desafectos ou adversários, está a passar por um endurecimento – de constatação simples, apesar da subtileza de que em certos aspectos se reveste. Uma das manifestações do fenómeno é um nítido reavivamento do “papel dominante” exercido pelo MPLA na sua fase de partido único.
Factos considerados ilustrativos da evidência:
- Restabelecidas antigas equivalências entre o exercício de cargos públicos e partidários (por ex, os principais dirigentes do partido nas províncias, são, de novo, imperativamente, governadores provinciais – prática interrompida após a liberalização política de 1992; a norma já é em larga escala aplicada aos administradores municipais).
- Os grandes oficiais das FAA's passaram novamente a ter permissão, ainda que tácita, para exercer actividades partidárias promovidas pelo MPLA ou ter vínculos ostensivos ao mesmo; o recém-nomeado adjunto do CEMGFA, Gen Egídio Santos “Disciplina”, é membro do CC do partido.
- Sectores de classes sociais e grupos profissionais não ligados ao MPLA, entre os quais jornalistas e empresários, consideram-se preteridos em relação a outros que o são.
Nas recentes comemorações do aniversário do MPLA, 10.Dez, e da independência nacional, 11.Nov, foram referenciados desígnios interpretados como destinando-se a empolar a história do partido e a ocultar/diminuir a participação de outros (os cubanos sentiram-se agastados com a “importância menor” atribuída à sua participação na batalha de Kifangondo).
2 . A UNITA e a FNLA, partidos de oposição actualmente enfraquecidos e reduzidos a uma existência apagada, mas ambos com participação activa no movimento de libertação de Angola, foram marginalizados nas comemorações da festa nacional.
- Isaías Samakuva, presidente da UNITA, não foi convidado para nenhuma cerimónia oficial constante do programa (c 10 dias depois foi-lhe dada a explicação de que se tinha tratado de uma falha do protocolo).
- Nenhuma das figuras sugeridas pela UNITA, a pedido das autoridades, para serem agraciadas com a Medalha 11 de Novembro, o foi de facto; o SG do MPLA, Dino Matrosse explicou posteriormente, em público, que não poderiam ser distinguidas “pessoas que lutaram contra nós”.
- Na efeméride da fundação do MPLA foi organizada em Luanda uma conferência de antigos movimentos de libertação da África Austral, restringida à Frelimo, SWAPO, ANC e ZANU ; a ostensiva exclusão da FNLA e UNITA, agravada pela circunstância de a iniciativa ter sido promovida pelo MPLA, terá sido ditada por cálculos de ocultação e desprestígio.
Entre os métodos que o regime emprega para lidar com os partidos da oposição sobressaem os de natureza coactiva. Palavras ou actos considerados “excessivos” dos partidos e seus dirigentes, são normalmente “penalizados” por via burocrática ou administrativa ( por ex, protelando pagamentos de subvenções do Estado ou expectativas pelo mesmo criadas).
3 . Os dirigentes do MPLA dizem, em tom de regozijo, que o seu partido se transformou no maior de África – em resultado de maciças adesões da população. Uma avaliação habilitada sobre este reforço sugere que o mesmo expôs o partido a riscos de que interiormente há noção e de que cuida de se salvaguardar, fechando-se. A saber:
- É identificado como uma entidade que agrupa a elite e sectores privilegiados da sociedade, que a ele aderem por espírito de conveniência.
- Desperta sentimentos de desapreço e/ou aversão em componentes da sociedade que não se consideram favorecidas.
De acordo com conjecturas pertinentes, a pressão actualmente exercida sobre a oposição partidária e a sociedade em geral, visa anular a eventualidade do surgimento de “pólos catalizadores” de descontentamentos alimentados pela identificação do MPLA como um grupo social de privilegiados, que assim defendem a sua condição e interesses.
O presente “reforço” do MPLA, baseado num alegado espírito de selecção e coesão de pessoas e grupos identificados entre si por interesses, influências e categorias comuns, também é contestado internamente, embora de forma pouco expressiva, por sectores considerados críticos.
4 . A actual recuperação da hegemonia do MPLA, politicamente justificada com o resultado alcançado nas últimas eleições, também é vista como reflexo de um despertar de adormecidas convicções existentes no seu seio, segundo as quais é esse o quadro que corresponde melhor ás realidades culturais e sociais do país.
A reimplantação de um “monopartidarismo encapotado”, como também é conhecida a presente realidade, é facilitada por factores como uma complacência internacional, apesar de reacções de reprovação suscitadas por violações das leis e excessos de zelo político; afirmação de tendências análogas em África e a atitude indiferente da China.
AM
Comentario
Salvem-nos deste MPLA
EX-FAPLA | 15-12-2010
O multipartidarismo é caduco no mundo nos dias de hoje, só não vê que nao quer que o MPLA esta a viver nos anos 80, so que mais ricos e a ostentar muita riqueza, naquele tempo era com os cartões de abastecimento, agora com desvio de fundos do herário público, a oposição tem a obrigação de se unir para nos salvar deste mal. A união faz a força e a desunião destroi. Por favor salvem-nos destes abutres que é o MPLA, Uma oposição UNIDA e UNICA vencerá os maditos do M e valorizará todo o Angolano, não só os que o executivo escolhe.
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