Cirurgias a laser no Executivo

Cirurgias a laser no Executivo

 É sob o signo da dúvida sobre eventuais novas mexidas no Executivo e administrações provinciais até 2010 se esgotar que se vivem as semanas finais do ano, a julgar pelo que se conversa nos locais onde a política se giza e nos outros muitos, onde ela e seus actos fundamentalmente se reflectem.

 
Esse é a vertente especulativa do momento político intramuros, mas o certo é que a parte real desse mesmo ambiente está em cima da mesa de todos, dos que se interessam vivamente pelas questões da governação e dos outros que nem por isso. Vale tentar perceber o que terá determinado esta e aquela opção do Presidente da República e, no outro extremo do exercício, sondar a previsibilidade deste ou daquele percurso que agora começa, no nutrido grupo de novos rostos para novas funções.
 
Primeiro que tudo, há a sublinhar um elemento novo, sem ser inédito, que foi o anúncio público daquilo que o Chefe do Executivo tinha a intenção de concretizar, feito muitos dias antes. Na verdade, entre essa nota (sábado, 20) e os despachos de exoneração e nomeação (sexta-feira, 27) transcorreu o tempo exacto de uma semana, o suficiente para ter a opinião pública em clima de grande mobilidade de ideias, pareceres e opiniões. Anterior a esta experiência, apenas a demissão anunciada do então ministro do Interior, General Roberto Leal Monteiro ‘Ngongo’, na sequência da captura em nação estrangeira de um cidadão por sua vez estrangeiro sem a observância dos necessários procedimentos quer de ordem política como jurídica, acto que foi considerado muito grave e que salpicou azedumes a jusante, sendo um deles a substituição do director da Judiciária e o seu posicionamento bem longe da capital, com funções directivas é certo, mas em claro plano inclinado quando comparadas com o cargo perdido.
 
Se no caso da saída de cena do ministro Ngongo o propósito terá sido aparentemente o de fazer pedagogia para o resto da equipa, estabelecendo-se uma espécie de paradigma ao qual se sujeitaria qualquer outro que incorresse em tamanho deslize, já neste remake a grande finalidade julga-se que não tenha tido contorno semelhante, embora no dia do acto de posse o véu levemente levantado pelas palavras de José Eduardo dos Santos possa forçar algum paralelismo.
 

Métodos desenquadrados das normas…
 
O Chefe do Executivo transmitiu um claro sinal de desconforto em relação a alguns percursos, razão das mudanças cirúrgicas que teve necessidade de fazer. Deixou ditas palavras muito fortes e sintomáticas, embora de uma fala de improviso e bastante curta.
 
“A verdade é que alguns chefes nos diferentes níveis continuam a trabalhar com métodos desenquadrados das normas e com dificuldades de adaptação à nova era”. Pronunciou o Presidente José Eduardo dos Santos e para que não se ficasse na dúvida em relação a contextos e destinatários, esclareceu que a remodelação ministerial localizada serviu para “superar dificuldades e constrangimentos” que se registam nos métodos de gestão e de trabalho em instituições nacionais. Percebe-se, portanto, que nem todas as rendições foram tão pacíficas assim, havendo contudo um caso colocado em absoluto à parte, a saída do ministro das Relações Exteriores Assunção dos Anjos “por razões pessoais atendíveis”, eufemismo encontrado para se dizer que o expressivo diplomata sai porque o seu estado de saúde não é bom e impede que execute cabalmente a sua missão de homem de Estado.
 
Não se apontaram nomes nem culpados como convém, de resto, ao exercício cordato da alta política, mas era um estadista em boa medida agastado aquele que afirmou que “nos processos de transformação social há sempre elementos que oferecem resistência à mudança”.
 
 
Estariam todos os que tinham de estar?
 
A alusão do Presidente Dos Santos aos que resistem à mudança levanta, desde logo, a curiosidade em saber se esgotava-se naqueles o mal ou se os dois ou três titulares substituídos são como que a ponta gelada que esconde o enorme iceberg submerso. Se são mais os que resistem à mudança – como parece ser, efectivamente, indo-se ao todo da afirmação (“o nosso caso não é diferente. Assumimos há dois anos o compromisso de realizar mudanças nos nossos métodos de gestão e de trabalho”) – então existirão motivos para pensar que, identificados novos “desajustados”, outras mudanças pontuais de titulares poderão ocorrer. A incógnita deverá estar apenas nos timings, os tais ritmos no tempo sempre tão caros e apetecíveis nos desafios da gestão política.
 
 
O “CABAZ DE NATAL”
 
 
Entramos para o mês das festas natalícias e o novo ano está ao dobrar da esquina. O lado emocional da coisa, se quisermos, confina-se a este dado, mas vive-se claramente um tempo em que parecem já só contar apenas os actos ligados à moralização do processo governativo.
 
Quem perscruta o ambiente político doméstico com a argúcia do lenhador experiente que lança o olhar para a floresta mas capta-lhe, em simultâneo, as variedades dos troncos, terá notado que há dois anos que José Eduardo dos Santos fez da gestão governativa transparente e do travão à delapidação dos recursos de todos, uma espécie de causa pessoal, surfando nessas águas quer se sinta nas vestes de Chefe de Estado quer aja como presidente do seu partido, o MPLA.
 
Não admira pois que balançado pela dinâmica que se auto-impôs e pela necessidade real de fazer coincidir o plano das ideias ao plano das acções, para alicerçar o crescendo de confiança que se consegue quando o eleitorado vê afastado os “maus”, não admira, dizíamos, que o Chefe do Executivo prescinda da ideia de aguardar pela última badalada de 2010 para decidir novas entradas e novas saídas na sua equipa. Até porque o acto de demitir ou não demitir ministros e outras figuras do aparelho governativo em tempo de festas só pode estar levemente preso a simbolismos afectivos e nada mais, sendo uma quimera acreditar, por isso só, que o ciclo se considere fechado até chegar Janeiro de 2011.
 
 
Fonte: O pais
 

 

Comentario

Concordancia

Luango | 10-01-2011

Concordo c/o Sr. Muanagana.
É melhor o Cda Presidente lembrar q o General Liberdade n lutou sozinho neste País. Morreram muitos e melhores filhos de Angola por causa d independencia nacional. Se é que ele é melhor quadro deste então, q governe outras outras provincias. Moxico n é a única prov deste pais.

Concordancia

Luango | 10-01-2011

Concordo c/o Sr. Muanagana.
É melhor o Cda Presidente lembrar q o General Liberdade n lutou sozinho neste País. Morreram muitos e melhores filhos de Angola por causa d independencia nacional. Ainde q ele utilizasse os seus próprios filhos p/combater o colonialismo, fê-lo na qualidade de Cmdte e n como Sr. Liberdade. Por isso , se é que ele é melhor quadro deste então q governe outras outras provincias. Moxico n é a única prov deste pais. Adeus.

vitalicio

kanhe | 06-12-2010

por favor deixem o cabelo branco em paz.... ele dicubriu k amgola e proprieded do seu bisavo no entanto ele e herdeiro legitimo.
Deus t abencoe Z du

LASER NO EXECUTIVO

XICO ZÉ | 05-12-2010

O Presidente dos Santos ainda não se apercebeu que já não tem soloções para meter esta País nos eixos?
Porquê não reconhecer também as suas insificiências?
Toda a gente se cansa, e governar um País com essa turbulência toda durante 31 anos, não é de uma pessoa normal.
Já destes o que tinhas que dar Sr Presidente. Vai descansar.

Intocável

Mwanangana | 04-12-2010

Existe alguma conivencia entre Jose Eduardo dos Santos e Joao Ernesto dos Santos Liberdade na morte de Agostinho Neto?
Faz muito tempo que o homem é governador do Moxico. Reconhece-se que Liberdade foi grande guerrilheiro mas, os tempos sao diferentes. O tempo é alta tecnologia, globalizaçao, nao faz mais sentido manter-se governantes analfabetos.
JES, livre-nos do Liberdade por favor.

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