Cabinda: em plena tormenta a FLEC na Europa tenta reconstruír-se

Cabinda: em plena tormenta a FLEC na Europa tenta reconstruír-se

 Paris – O Nkoto Likanda, Conselho do povo de Cabinda, «órgão supremo da FLEC» reuniu de 20 a 22 de Agosto num modesto hotel em Saint Denis na periferia parisiense. Anny Kitembo foi nomeado vice-presidente do movimento e Afonso Massanga assume a pasta das relações exteriores.

 

Apesar de necessitar de um quórum de 60 delegados, como prevê os estatutos da FLEC, o início dos trabalhos do Nkoto Likanda, que Nzita Tiago qualificou como um «encontro de análise politica», arrancou à porta fechada esta sexta-feira, 20 de Agosto, com cerca de duas dezenas de participantes.

 

Depois de um arranque atribulado motivado pela contestação de Rodrigues Mingas (FLEC-PM) e Mangovo Ngoyo, aliás Rui Garrido, sobre supostas irregularidades na eleição de Anny Kitembo para a vice-presidência, inicialmente obtida por Stéphane Barros, secretário-geral do Nkoto Likanda, a calma regressou e os presentes elegeram Afonso Massanga como titular da pasta das relações exteriores do movimento, ocupando assim o lugar de Martinho Lubango que se demitiu, juntamente com Francisco Lubota e António Chibinda, a 04 de Julho deste ano.

 

Por imposição de Nzita Tiago, Joel Batila mantém-se como secretário-geral do movimento. Uma atitude criticada por alguns participantes que à margem da reunião consideraram que o líder da FLEC «pretende manter o controlo do movimento eternamente». Alegações desmentidas por Nzita Tiago que insiste que quer passar o testemunho da liderança aos mais jovens.

 

No comunicado final o Nkoto Likanda considera que a FLEC está a fazer face a uma «grave situação de crise politica provocada pelo golpe militar inspirado pelo regime de ocupação colonial do governo angolano do MPLA» a qual vai atrasar o processo de diálogo. Reafirma o objectivo o direito à auto «determinação e independência» do povo de Cabinda. Manifesta indignação pelas condenações dos activistas cabindeses dos direitos humanos, e apena a anulação das suas penas. Incita a população e os refugiados a «não desmobilizarem».

 

Desde o início de Agosto de 2007, quando decorreu em Paris a ultima reunião do Nkoto Likanda, a FLEC mergulhou numa profunda crise. A turbulência começa com o afastamento de Antoine Nzita, Xavier Builo, Jacques Gieskes, André Quinta e Virginie Mouanda, que constituíram o designado G5, Grupo dos Cinco. Apesar de não manifestarem o desagrado sobre a composição do novo Governo de 2007, os militares em Cabinda contestam privadamente essas resoluções.

 

Mais de 50 por cento dos membros que constituíam o Governo da FLEC, recomposto em Agosto de 2007, demitiram-se nos últimos três anos. A mesma percentagem demitiu-se da Comissão Politica Permanente da FLEC.

 

Em 2009 um grupo constituído pelas principais chefias militares da FLEC em África começam a criticar a estratégia diplomática definida pelas representações do movimento na Europa. Após duas deslocações de uma delegação de militares a Paris, concluíram que as estruturas da FLEC na Europa estavam divididas, desorganizadas e incapazes de prosseguir com a acção diplomática.

 

Como consequência, a 29 de Junho de 2010, em concertação com as chefias militares, Estanislau Miguel Boma, Chefe de Estado-maior da FLEC, decide «reformar» Nzita Tiago e exonerar todos os representantes no estrangeiro do movimento. Imediatamente o líder histórico da FLEC riposta e exonera, por sua vez, o vice-presidente Alexandre Tati, Estanislau Boma, José Veras e Carlos Moisés que constituem a coluna vertebral da ala armada da FLEC. Gabriel Nhemba «Pirilampo» indicado como o sucessor de Estanislau Boma e incumbido de reorganizar a guerrilha mergulhada no furacão das demissões, exonerações e nomeações.

 

«As exonerações de Nzita, assim como as suas nomeações ou as decisões da reunião de Paris, não têm qualquer legitimidade porque todos foram exonerados», disse Alexandre Tati.

 

Outro factor determinante para a convocação da reunião extraordinária do Nkoto-Likanda que decorreu este fim-de-semana está directamente associado à multiplicação dos encontros preliminares com o Governo angolano do grupo de militares chefiados por Alexandre Tati e Estanislau Boma, assim como com a decisão de prolongar «sine die» o cessar-fogo unilateral declarado após o ataque de a 08 de Janeiro de 2010 em Cabinda contra a delegação togolesa de futebol que participava no CAN.

 

O Nkoto Likanda, Conselho do povo de Cabinda, designado como «órgão supremo da FLEC», foi criado a 29 de Agosto de 2004 em Helvoïrt, Holanda, no final das reuniões que resultaram na fusão dos dois principais movimentos armados de Cabinda, FLEC/FAC e FLEC Renovada.

 

Segundo os seus estatutos, assinados por Nzita Tiago, António Bento Bembe, Agostinho Chicaia e Raul Tati, então vigário geral de Cabinda, o Nkoto Likanda deverá ser composto por 60 membros delegados das estruturas de base do movimento e da sociedade civil que devem reunir todos os dois anos.

 

*Rui Neumann

Fonte: Ibinda.com

Comentario

O povo clama.

Maba Mazengo | 06-04-2011

O povo desesperado.

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