"Agostinho Neto foi sempre um Líder" - Marcelino dos Santos.

"Agostinho Neto foi sempre um Líder" - Marcelino dos Santos.

 

António Agostinho Neto fez parte da geração de estudantes africanos que viria a desempenhar um papel decisivo na independência dos seus países naquela que ficou designada como a Guerra Colonial Portuguesa. Primeiro Presidente de Angola, Neto lutou com garra e dedicação para fazer de Angola, um país independente. Hoje, dia do seu aniversário,Marcelino dos Santos, presidente da Associação de Solidariedade de Moçambique e contemporâneo do Poeta Maior recorda com saudade a figura do primeiro Presidente de Angola. Marcelino dos Santos afirma que “Neto era realmente um líder, pela sua maneira de ser, pela sua veemência no fazer e falar das coisas”.
 
Jornal de Angola - Como caracteriza a figura de Agostinho Neto como político, estadista e poeta?
Marcelino dos Santos - Agostinho Neto foi sempre um líder. Mesmo quando estávamos na Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa, ele já se afirmava como o nosso líder. Haviam vários camaradas como Amílcar Cabral, Lúcio Lara, mas Neto era realmente o líder, pela sua maneira de ser, pela sua veemência no fazer e falar das coisas.
 
JA - Que memórias tem das actividades políticas de Agostinho Neto em Portugal?
 
MS - Ele encabeçou os momentos iniciais nos fins da década de 40 e princípios de 50, quando ainda se procuravam e buscavam planos e formas de construir um partido político que representasse cada um dos nossos países. Este plano encabeçado por Neto deu finalmente nascimento ao clube marítimo.
 
JA - Estava com Neto quando tudo aconteceu?
 
MS - Sim. Eu recordo-me disso porque acompanhava o camarada Neto para debater e discutir vários assuntos com os marinheiros nos bares. Era necessário utilizar os marinheiros e embarcadores que faziam viagens para Moçambique e Angola, que por sinal, era mais regular. Foi necessário criar isso para estabelecer os contactos e ligações com os marinheiros e transformá-los em mensageiros dos angolanos que estavam em Lisboa para os que estavam em Angola. E isso foi conseguido. Foi um sucesso e ligou-se Lisboa com Angola.
 
JA - Que tipo de relação tinha com Agostinho Neto?
 
MS - Éramos amigos, tínhamos uma relação muito forte. Afastamo-nos quando parti para França, em 1951. Em 1957 reencontramo-nos em Lisboa, mas devido a questões de ordem política tivemos de nos separar novamente e só voltamos a nos encontrar em 1962, durante a sua fuga em Marrocos, e continuamos a nossa relação de amizade até a sua morte.
 
JA - Agostinho Neto e Samora Machel tiveram vários encontros. Recorda-se de algum encontro marcante entre os dois líderes?
 
MS - É difícil lembrar, porque os encontros foram muitos. Neto esteve muitas vezes em Moçambique, passou férias lá e falavam muito sobre os assuntos políticos e as relações de amizade entre os dois países. Eu próprio também estive muitas vezes em Luanda e juntos íamos pescar no Mussulo, não que ele fosse um pescador, mas gostava muito de pescar. Foi uma vivência profunda e amiga. Conversamos sobretudo de questões políticas e literárias.
 
JA - O senhor acredita que os ideais de Neto e de Samora Machel são evidenciados entre os dois países?
 
MS - Nós temos alguns problemas aqui e ali, mas os seus ideias estão sendo construídos e levados a cabo, às vezes com algumas peripécias. Mas não há dúvidas de que foram e são exemplos a seguir.
 
JA - Como caracteriza as relações entre o MPLA e a Frelimo?
 
MS - São muito boas. Todos os problemas políticos que vive Angola e Moçambique são objecto de encontros entre os nossos responsáveis, a nível dos partidos e dos Governos, concretamente falando.
 
JA - Como foi recebida a notícia da morte de Agostinho Neto em Moçambique?
 
MS - Foi como um pequeno terramoto. Era como se um de nós em Moçambique tivesse morrido. A sua relação com os moçambicanos e com Samora Machel era de irmandade. Foi muito dura para nós.
 
JA - Marcelino dos Santos também é escritor. Como caracteriza os escritos do Poeta Maior?
 
MS - Era como se as nossas obras fossem as obras de todos. Era como se tivéssemos a falar de nós próprios. É bem verdade que a literatura não é a mesma dos dias de hoje, mas deixa reconhecer que Agostinho Neto é mesmo o Poeta Maior e sobre isso não restam dúvidas, a sua poesia deu volta ao mundo.
 
 
 *Biografia
 
Marcelino dos Santos é um político e poeta moçambicano. Foi membro fundador da Frente de Libertação de Moçambique, onde chegou a vice-presidente.
 
Depois da independência de Moçambique, Marcelino dos Santos foi o primeiro ministro da Planificação e Desenvolvimento, cargo que deixou em 1977 com a constituição do primeiro Parlamento do país (nessa altura designado Assembleia Popular), do qual foi presidente até à realização das primeiras eleições multipartidárias, em 1994.
 
Com os pseudónimos Kalungano e Lilinho Micaia, tem poemas seus publicados no Brado Africano e em duas antologias publicadas pela Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa.
 
Com o seu nome oficial, tem um único livro publicado pela Associação dos Escritores Moçambicanos, em 1987, intitulado Canto do Amor Natural.
 

 

Comentario

Re:Re:Re:Re:Re:Re:Granda traidor

Ponderacao | 19-09-2010

Vai tomar um cafe bem forte!

Olha o savimbe quando foi ao encontro do agostinho neto em Portugal , ele tinha ouvido falar dele , mais quando chegou ao tal nacionalista ele notou que o mesmo vivia com uma mulher portuguesa.

Mais porra! Que foda-se e esta?

O tal caralho nacionalista nao passa dum criolo !

Re:Re:Re:Re:Re:Re:Granda traidor

RPG-7 | 19-09-2010

O teu MPLA assinou outro pacto com os Chineses, isso nao te preucupa? Traidores do povo angolano.

Re:Re:Granda traidor

Kakuso | 18-09-2010

Os Sul Africanos prontificaram-se para ajudar os opsitores do MPLA so depois do Neto ou MPLA colher os Swapos e prometer ajudar a Namibia tornar-se independente, eles vieram em Angola para impedir a entrada dos Cubanos na Namibia, gracas a trumuna do Kuito 'e que os Cubanos assinaram acordos com Apartheid de nao chegarem a Namibia, porque aquela operacao foi preparada desde 1976 pelo MPLA de libertarem a Namibia, esta 'e parte da verdade que o MPLA omite, porque sao bons em contra inteligencia. Ate seria bom se os apartheid tomassem Angola para estarmos na posicao que a Africa do Sul ocupa hoje, onde todos querem ir estudar, tratar-se e comprar productos de melhor qualidade do da China. E parem de dizer que a FNLA foi buscar os Zairenses e a Unita aliou-se a apartheid, e o MPLA trousse os Cubanos e Agora traz os Chineses que vergonha, sera que ainda nao da para perceberem os verdadeiros destruidores de Angola? E a voces que comentam a favor do Mpla, ja vos identificamos a todos, miudos da JMPLA no predio do partido, traidores vao la procurar trabalho para ganharem um pao digno, oportunistas.

foto

mickey mouse | 18-09-2010

o "heroi" nacional entrou em luanda num tanque do exercito portugues rodeado de comandos tugas como a foto mostra,esse era o MPLA em 75...

Sanguinario

Ponderacao | 18-09-2010

Creolo e assassino. 27 de maio!

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