1º DEBATE DO ANO DA RÁDIO ECCLÉSIA MOSTRA QUE LUISETE ARAÚJO PODE VENCER JES EM 2012 SE TIVER O APOIO DA OPOSIÇÃO

Luisete Macedo Araújo, estremeceu o MPLA e O seu Candidato neste sábado naquilo que foi o primeiro debate do ano na rádio Ecclésia. 100% brilhante, com uma visão para o presente e futuro dos angolanos.

Se a oposição apoiar a Candidata do Povo a vitoria não escapara a esta mulher, que tem uma biografia curiosa. Filha de: Francisco Henriques de Macedo, natural de Malanje e de: Fátima da Natividade Benge, natural de Maquela do Zombo – Província do Uige.

Neta materna de: António Pedro Benge – Natural de Cabinda, preso político no então processo 50.Luisete Benge Macedo Araújo, nasceu em Luanda aos 22.02.1960. Teóloga cristã convicta a 26 anos.

É SECRETÁRIA NACIONAL PARA OS ASSUNTOS POLITÍCOS E ELEITORAIS DOS `POC´

Tema: DEMOCRACIA E PARTICIPAÇAO
GANHOS - DESAFIOS E PERSPECTIVAS.

1 – Lamentar o facto de se ter destoado o significado literal de DEMOCRACIA como sendo “poder do povo para o povo e pelo povo”.

       a) O Povo está completamente afastado e ausente de tudo quanto é circuito e dinâmica democrática em Angola. A começar pelo escrutínio eleitoral onde se fez um recuo impressionante. O povo tacteia no escuro e anda cego durante o dia, não participa nos debates, está proibido igualmente de escolher directamente aqueles que os podiam representar.
       Desde as comunas, não conhece seus dirigentes. Os administradores comunais, ou pior ainda os municipais, não existem naquilo que é dever na solução dos problemas e na proximidade no dia-a-dia com seus habitantes.

       b) Os deputados que deveriam funcionar como vectores de comunicação ou pontes entre o eleitorado e o Parlamento, funcionam como cometas. Aparecem raras vezes e quando desaparecem não se sabe mais qual destino dão aos dados que eventualmente tenham levantado do terreno em que visitam. Quando, é suposto pensar-se que, estes escolhidos ou eleitos deveriam estar em permanência ou morar com os cidadãos.
       

       c) Quer dizer que: a Democracia não funciona, porque o povo é completamente ignorado, seus problemas não são tidos em conta porque quem os devia defender não cumprem com o seu papel.

       d) Como exemplo lamentável, a politica dita de requalificação de Luanda que tem mais de discriminatório do que de urbanização qualificada, é feita de uma maneira muito atroz. Noutros países, quando este caso se apresenta, os cidadãos são convidados à sérios debates, durante muito tempo, sobre os prós e contras do estilo de urbanismo que se propõe, tanto no aspecto ético como estético, no que diz respeito por exemplo, ao nível social e económico dos habitantes propostos à habitar o sitio, suas ocupações laborais ou outras, onde devem ficar as escolas, as estradas, os locais de comércio ou armazéns, as vias e sua manutenção, enfim, uma série de questões são colocadas à contribuição dos cidadãos e não impostas como acontece agora, em que os cidadãos são manuseados como cabritos coarctados da possibilidade de dar sua opinião ou contestar deslocações adversas, sobretudo para o futuro das crianças que ficam privadas de escola, direito primário e fundamental.

       2 – Há muita conversa sobre Democracia em Angola. O que queremos ouvir, para começar seja o que for, é que o PR JES não se candidata mais. Assim teríamos salvo tudo o que resta da moribunda Democracia. Não faz sentido, em termos de presidência da república. Mesmo que não se tenha em conta os anos de guerra, é um absurdo, de 1992 a 2012 serão 20 anos. Não é somente vergonhoso para o candidato JES, mas para os homens e mulheres angolanos. As nossas universidades todos os anos formam quadros, há angolanos que se estão a formar no exterior (quer dizer com mais ou menos eficácia), temos gente competente nos partidos políticos, a começar pelo próprio MPLA. É tempo e há urgência de Angola conhecer novos rumos; com novos dirigentes e novos pensamentos.

 Os países ditos desenvolvidos, atingiram estes níveis invejados, justamente porque respeitaram os valores da democracia, acima de tudo da alternância dos presidentes e das políticas partidárias. É isto que permite a evolução, mercê da crítica e da autocrítica indispensáveis quando se estiver analisar um projecto como é quão sensível o do Crescimento e progresso de um país e de um povo.

 As sociedades que durante décadas estiveram debaixo das bandeiras comunistas e de regimes ditatoriais são um exemplo a evitar. Logo depois da queda do MURO DE BERLIN, destapada a Cortina, o que se viu nestas sociedades é triste, pobreza e miséria, países que tinham parado no tempo cujos povos tinham vindo para Angola para deixar aqui esta cultura retrógrada e malfazeja. Desde a Rússia, a Ucrânia, a Republica Tcheka, a Polónia, ou mesmo Cuba, em comparação com outros países também da mesma Europa, foi uma diferença abismal, de noite para dia. Porquê, - de um lado, tinham homens que se achavam fortes e poderosos, destinados por Deus a governar homens que por sua vez tinham sido encomendados para serem escravos; de outro, sociedades onde se respeitavam e punham em valor, a competência, o saber, acima de todas as coisas; onde os projectos de sociedade e os programas de desenvolvimento eram apreciados, debatidos e gestionados.

 O que se passou na África, incluindo Angola, é a cópia do que se passou nos países do Leste e noutros que abraçaram o mesmo sistema na Ásia. A China por exemplo, se hoje se posiciona como potencia mundial, é mais do seu lado económico do que social. Pois, apesar da sua exponencial riqueza, milhares de cidadãos chineses vivem entre a miséria e a pobreza, debaixo de um regime, no mínimo duro, onde as desigualdades são enormes e só a ditadura não os permite de gritar mais alto.

Por outro lado, a determinação dos países da CEDEAO no caso da COSTA DO MARFIM, é encorajante e deve servir de exemplo. Não se pode permitir mais poucas vergonhas na África, em que um ou dois indivíduos, toma cativos milhões de outros seres humanos até ao ponto de levá-los ao homicídio colectivo. Os dirigentes africanos têm que deixar de evocar ingerência nos assuntos internos dos seus países só porque a ambição pessoal lhes leva aos extremos.

 A pretensa usurpação das nossas riquezas pelos estrangeiros não pode servir de pretexto para que outros países ajudem o povo a se defender contra as exacções, atrocidades, mortes sociais, frustrações, sistematicamente programadas por homens ambiciosos. A Democracia está exactamente para evitar que estas coisas aconteçam. Um individuo a testa de um Estado e que tem a noção de responsabilidade e a consciência que depois de sair do poder poderá ser julgado e impugnado por má gestão ou roubo do erário publico, não se permite à estas coisas e não tem medo de nada.

 A mesma Democracia não pode ser somente boa para desenvolver outros povos e má para nos lançar na cova. O País, não tem dono, como se pretende ao contrário em Angola em que um grupinho se outorga como únicos capazes, e por legitimidade ninguém mais deve dirigir o país.

  3 – Ao invés de ganhos, 2010, foi o ano dos mais péssimos que Angola conheceu desde 1992 no concernente a evolução da Democracia. Muita manobra somente com o objectivo de manter JES no poder. Tanta manobra que está a enterrar o país. É por este andar que de um lado exibimos o luxo com milhares de dólares que investimos noutros países, de outro lado é a miséria que faz o mar dos angolanos. Triste porque nunca saímos da posição mais alta dos países mais mal governados e onde a vida da maioria da população está muito aquém do permissível neste século XXI.

4 - O princípio instituído e estatuído de eleição indirecta, como se estabelece agora, é uma burla escandalosa. Por outras palavras, a Revisão da Constituição, não obedeceu a nenhum critério legislativo sério, foi unicamente para servir JES.

       a) O povo não tem direitos nenhuns como cidadãos em sociedade civilizada. Estão proibidos de reivindicar seus direitos; estão proibidos de manifestar; estão proibidos fazer greve, estão proibidos de quase tudo.

5 – Desafios e perspectivas.

a) Estamos muito longe do desejável. O grande desafio é que JES não se candidate mais, está fora do contexto democrático, constitui um insulto aos demais quadros angolanos.

b) Transformar os angolanos em verdadeiros cidadãos.

c) Que introduzida a disciplina de Direitos humanos e cidadania desde o colégio e que seja disciplina para nota e não apenas para perfil.
d) Apelamos para que se desamarre a burocracia no financiamento dos partidos políticos na oposição e se dê mais apoio as associações da sociedade civil que têm feito um trabalho remarcável, apesar das vicissitudes que encontram durante a sua actividade do terreno.

5.1 – Como contributo para a organização das próximas eleições directas ou indirectas:
       A – Propomos Comissão Eleitoral Independente
       B – Urnas transparentes
       C – Contagem local dos votos; assinatura das actas também por observadores independentes; envio dos resultados preliminares por internet isto associando a evolução científica que muito gostamos de evocar
       D – Encerramento dos Bureaux de votos até 20 horas.

Fonte: www.a-patria.com