A trienal de Luanda: Afectos e emoções

A trienal de Luanda: Afectos e emoções

 

 

 A Trienal de Luanda abriu ao público e vai marcar a vida social e cultural da capital até 19 de Dezembro. Esta edição tem como tema central “Geografias Emocionais, Arte e Afectos”. A Fundação Sindika Dokolo, responsável pela sua organização, presta mais uma vez um serviço inestimável à Cultura Angolana e sobretudo às artes plásticas. 

 
Angola teve de suportar durante longos anos uma guerra impiedosa que visava capturar a nossa soberania, destruir os ganhos da Independência Nacional e subjugar os angolanos à lógica de um qualquer bantustão. Durante décadas esteve permanentemente em causa o nosso futuro como povo livre e soberano. Por isso, todos os nossos recursos humanos e materiais foram mobilizados para a missão de defender a pátria. 
 
 
Nesses anos de violência inaudita e agressões sem nome, que vitimaram milhões de angolanos na carne e na alma, a Cultura perdeu espaço. De tal forma que muitos temiam a morte cultural de um país que deu ao mundo poetas da dimensão de Agostinho Neto ou Mário António, pintores como Roberto Silva ou António Ole, escultores como José Rodrigues, músicos geniais da estirpe de um Liceu Vieira Dias, a prosa fantástica de Pedro da Paixão Franco, Augusto Bastos ou Assis Júnior. 
 
Um país em morte social, rapidamente morre socialmente e perde a sua soberania. Angola correu esse risco e esteve no limite. Mas os intelectuais e os artistas angolanos nunca viraram a cara à luta e mantiveram sempre acesa a chama da nossa cultura.Enquanto as forças do “apartheid” e os seus aliados desencadeavam contra o povo angolano as mais bárbaras agressões, os escritores publicavam os seus livros, os artistas plásticos produziam as suas obras, os músicos e cantores gravavam e lançavam as suas composições. 
 
Este movimento de resistência teve a sua expressão mais elevada com a primeira edição da Trienal de Luanda. O artista Fernando Alvim e o mecenas Sindika Dokolo foram capazes de criar uma equipa profissional para pôr de pé um projecto que na prática funcionou como a bóia de salvação de um país que estava de facto em morte cultural.
 
A primeira edição da Trienal de Luanda, em 2007, foi um êxito. Três anos depois está aberta ao público a segunda edição, com um nível claramente superior à edição anterior. A trienal está organizada nas áreas de “matérias”, “artes visuais” e “arquitectura”. É uma oportunidade única de levar ao público a produção artística nacional e o que de melhor existe no mundo. Para os consumidores, esta mostra excepcional de artes, permite o contacto com novas linguagens e o reencontro com os nossos artistas mais representativos. Face à elevada qualidade desta edição, os organizadores são desafiados pelos amantes das belas artes a encurtarem o intervalo de tempo. Luanda tem condições para acolher uma mostra desta dimensão, pelo menos de dois em dois anos. 
 
A organização precisa de mobilizar mais recursos financeiros e apostar no seu reforço, mas Angola e a sua capital merecem esta festa da cultura, pelo menos de dois em dois anos. Fernando Alvim e a sua equipa têm este desafio pela frente. A sociedade civil é chamada a apoiar com a sua presença e os artistas e suas instituições a colaborar com as suas obras. 
 
As estradas, as pontes, escolas, hospitais e outros equipamentos essenciais são facilmente destruídos quando aqueles que querem subjugar um povo apostarem na destruição e na guerra. Mas o pensamento não se corta, não se destrói, resiste às prisões, às minas, aos bombardeamentos. Os artistas mostram a sua força e a sua capacidade criativa em situações adversas. Mas só um povo que conhece a sua cultura e respeita os seus artistas é verdadeiramente livre. A Trienal de Luanda, além de uma grande festa da Cultura que vai prosseguir até 19 de Dezembro, é sobretudo uma expressão muito convincente do nosso amor à liberdade.
 
A Trienal de Luanda é uma mostra perfeita da geografia das nossas emoções e dos laços afectivos que soubemos tecer. Os luandenses têm uma grande oportunidade de conhecer melhor a cultura angolana e a sua dimensão universal. Podemos encontrar naquela mostra a força criativa dos nossos artistas e intelectuais.
 
Os angolanos de todas as províncias são chamados e franquear as portas da Trienal de Luanda, para conviver com a nossa realidade cultural, que aos poucos recupera aquela força que foi base do movimento intelectual que ditou os caminhos vitoriosos da Independência Nacional. Uma festa assim, só regressa daqui a três anos. Temos de aproveitar agora e sem esquecer que Dezembro está mesmo quase a chegar.
 
 
*Jornal de Angola

Comentario

caras estranha na sociedade Angolana

mansoni da ngola | 25-09-2010

mas um candengue Zairota que Apresenta a nossa História O que ele nada conhece bem A nossa nsamu? petie frere keba mukolo to ko nzua bino bokomona minetoile é saber primeiro depois de responder as questöes vosse nem A te dez anos A viver em Angola ja conhece A nossa nsamu é triste mais A vera O vosso tempo zala mayele cafe au let.

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