A Proposito do Livro "Angola - A segunda Revolução" - breve entrevista com Jardo Muekalia

A Proposito do Livro "Angola - A segunda Revolução" - breve entrevista com Jardo Muekalia

 A Segunda Revolução, que durou 16 anos, produziu a alteração da ordem constitucional que sustentou a I Republica e fez emergir a II Republica depois da realização do primeiro sufrágio universal da historia de Angola

 

 

Terra Angolana - Muito se fala aqui em Luanda do livro A SEGUNDA REVOLUÇÃO  da vossa autoria cujo lançamento aconteceu recentemente em Lisboa, Portugal. Concretamente o que considera SEGUNDA REVOLUÇÃO  em Angola e qual o objectivo?
 
Jardo Muekalia - Como é do conhecimento de todos, é considerada Primeira Revolução a luta  de libertação contra o colonialismo, cuja vertente armada teve inicio em 1961 no norte do país. Ao longo do seu percurso, tornaram-se principais protagonistas a FNLA, o MPLA e a UNITA. Graças a Primeira Revolução, o país conheceu a sua independência em 1975. Porém, a falta de abertura politica e a ausência de um consenso entre os actores políticos principais, resultou num país independente - I Republica – caracterizado pela exclusão politica através da violência armada.  Esta situação criou as condições que propiciaram a Segunda Revolução, entendida como a luta armada protagonizada pela UNITA para  acabar com o sistema politico monopartidário em prol da inclusão politica no âmbito do pluralismo politico e no respeito da diversidade socio-cultural dos angolanos. Importa aqui pontuar, que a Segunda Revolução beneficiou de contribuições directas e indirectas, de seguimentos da sociedade civil que, nas cidades resistiu de uma ou de outra forma aos excessos do sistema de partido único.  
 
A Segunda Revolução, que durou 16 anos, produziu a alteração da ordem  constitucional que sustentou a I Republica e fez emergir a II Republica depois da realização do primeiro sufrágio universal da historia de Angola. Graças a Segunda Revolução, os angolanos experimentam a democracia e, com maior ou menor liberdade, vão se apercebendo da importância da sua preservação. Em suma, a  Segunda Revolução e a luta que nos levou ao reconhecimento mutuo, a aceitação do principio do multipartidarismo e das liberdades individuais. É óbvio, que Angola está ainda longe de ser um estado de direito com garantias de plena cidadania.
 
 
Escrevi esta obra com três objectivos em mente.
 
1. Deixar um testemunho tão objectivo e leal a história quanto possível, daquele esforço super humano consentido por milhões de Angolanos em prol de uma causa em que acreditaram, e que sirva de referencia a juventude de hoje e as gerações vindouras. Quer queiramos quer não, esta é a nossa história comum. 
 
2. Pontuar a relação entre a Segunda Revolução e a II República pois, esta não foi obra do acaso. Como cidadãos, temos de ter a noção do quanto custou a nossa liberdade para que saibamos apreciar, proteger e activamente contribuir para o aprofundamento dos níveis de democraticidade que temos na nossa sociedade. Temos de nos consciencializar de que os processos democráticos não são estradas de sentido único: tanto avançam como recuam. 
 
3. Espero que esta obra encoraje outros tantos angolanos a escreverem, partilhando assim, as historias inéditas que têm para contar. O registo da nossa historia contemporânea é uma prioridade para a formação da nossa nação em obra.
 
 
Terra Angolana - Político e diplomata de carreira agora dedicado exclusivamente à docência. Como é que tem sido esta adaptação a nova realidade?
 
Jardo Muekalia - Devo dizer que a transição da diplomacia para a docência foi relativamente fácil para mim. São realidades  que têm alguma coisa de comum. As duas requerem pesquisa e uma boa preparação da matéria; apresentação de temas diante de audiências, grandes ou pequenas; ambas requerem um certo poder de persuasão. Em certa medida, a experiencia adquirida ao longo da carreira diplomática parece facilitar o exercício da docência. Porém, tenho um sentido de satisfação pessoal diferente quando partilho a minha experiencia com os alunos. É gratificante ver caras perplexas transformarem-se gradualmente em sorridentes e concordantes. Aprecio também o facto de que a docência permite o aprofundamento do conhecimento de uma disciplina especifica enquanto que, pela sua natureza, a diplomacia exige um  conhecimento geral multi-disciplinar. Todavia, parece-me que, num plano mais amplo, são realidades complementares.
 
 
Terra Angolana – Que avaliação faz do momento que Angola vive e que imagem está a ser projectada para o exterior?
 
Jardo Muekalia - Sou de opinião que Angola está hoje diante de uma bifurcação na longa avenida do seu desenvolvimento politico e sócio-económico.
 
Uma das vias leva-nos a inclusão, ao respeito pela diversidade politica, social e económica e a uma maior transparência na gestão dos recursos de todos os angolanos. Nesta via poderemos discutir, enquanto sociedade, as prioridades do estado e as melhores opções para o nosso desenvolvimento colectivo, adoptar politicas que permitam a emergência de uma sociedade civil actuante e parceira do estado, e de um sector económico privado dinâmico, gerador de emprego, produtos e serviços. Esta via coloca o povo e a sociedade, no centro das politicas do governo e projecta o país na região e no globo como actor positivo protagonista  de modelos de desenvolvimento sustentável, para além de ser factor de estabilidade regional atrevés da mera exportação de instrumentos de violência (RDC, Congo, Zimbabwe, Costa do Marfin, Guine Bissau).
 
A outra via leva-nos ao agravamento da exclusão politica, a consolidação de um capitalismo predador, a expansão da corrupção, a asfixia da sociedade civil e a atrofia do sector económico privado. Esta via coloca no centro das politicas do governo o pequeno grupo detentor do poder e os outros tantos que povoam a sua esfera magnética. Esta via dará continuidade a imagem negativa que o país tem hoje em certos sectores da comunidade internacional.
 
Uma observação atenta dos últimos acontecimentos leva a concluir que o governo fez a escolha da segunda via e tende a persistir nela apesar dos seus efeitos nefastos para o país, a médio e longo prazo. De modo geral, continuamos com uma economia excessivamente dependente da produção petrolífera e de investimentos públicos. Continua a prática de atribuição de projectos a amigos sem concursos públicos. Continuam as politicas de desenvolvimento que priorisam e concentram os recursos em Luanda e algumas regiões do litoral, atraindo cada vez mais cidadãos para estas regiões em detrimento das regiões do interior. O excesso de população na capital dificulta a realização de qualquer projecto de saneamento básico ou de urbanização, inviabiliza a produtividade dos agentes económicos e aumenta o universo da população desempregada, enquanto a correspondente fuga de mão de obra do interior, torna aquelas regiões improdutivas. Tudo isto, associado a falta de transparência na gestão dos recursos públicos e a ausência de condições que, no país, viabilizam iniciativas económicos privadas de relevo, concorrerá para a atrofia da nossa economia mais tarde ou mais cedo.
 
 
Fonte: Terra angolana
 

 

Comentario

Benguela - Lobito

Angolano apartidario que vai votar na Unita | 19-10-2010

Gosto da abertura dos intelectuais da Unita, o Savimbi realmente formou quadros. Os intelectuais do MPLA nao escrevem livros, nao escrevem biografias(tambem so iam escrever de roubos e assaltos sexuais a menores), José Eduardo dos Santos NEM UM SÓ livro da sua autoria tem, ao contrario de Savimbi e outros. Zedu só esta na presidencia de boleia, sem a boleia que teve em 79 ninguem lhe votava, nao tem carisma nenhum aquela triste figura que nem um pateta!

Re:Benguela - Lobito

ZELOSO MARIA NDUKULIA | 19-10-2010

Pintinhos chorem:
Ex-militantes da UNITA ingressaram no MPLA PDF Imprimir e-mail
04-Out-2010

Imagem
Ao todo, 131 ex-militantes da UNITA, 60 dos quais mulheres, foram apresentados, na sexta-feira, em Menonge, como novos militantes do MPLA. O acto de apresentação foi presidido pelo primeiro secretário provincial do MPLA, Manuel Francisco Tuta “Batalha de Angola”.

Entre os novos militantes do MPLA estão o ex-administrador comunal do Mucusso (Dirico), Agusto Ladeira Cameia, e a ex-secretária provincial para organização da UNITA, Maria Madalena, além de outros antigos responsáveis.

Agusto Lidera Cameia disse que engressou na UNITA em 1974, tendo exercido várias funções e que abandonou o partido por vontade própria. “Batalha de Angola” realçou a coragem dos novos militantes do partido, dizendo-lhes que escolheram o caminho certo.

O primeiro secretário do MPLA na província do Kuando Kubango realçou o papel que tem sido desempenhado pelo seu partido na luta pela concretização dos objectivos a que se propôs. Manuel Francisco Tuta “Batalha de Angola” afirmou que o MPLA vai continuar a trabalhar para a dignificação do homem angolano.

Re:Re:Benguela - Lobito

Zeloso Maria Ndukulia | 19-10-2010

Aos que pensam que ter cartão do MPLA, é ter emprego ou serviços....digo-vos que no MPLA cabem todos os estratos sociais, kinguilas, vendedores da praça, zungueiras, kupapatas, taxistas, camponeses etc...
Para efeitos analizem esta estatística ainda do ano passado que hoje somos mais de 5 milhões não incluindo os mais de 3 milhões da JMPLA, simpatizantes e amigos do MPLA.

Luanda – O número de militantes do MPLA que até a realização do V Congresso do partido, em 2003, contava nas suas fileiras com 1.862.409 militantes, regista actualmente 4.705.436, enquadrados em 34.621 comités de acção em todo o país, dos quais 2.333.200 do sexo feminino.

Este dado consta do relatório do Comité Central ao VI Congresso que desde segunda-feira está a ser alvo de discussão na subcomissão de trabalho coordenada pelo secretário-geral cessante, Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”.

Segundo o documento, no período compreendido entre o V e o VI Congressos (2003 e 2009), foram realizadas campanhas permanentes de crescimento de base social do MPLA,
consubstanciadas em actividades de mobilização, recrutamento e enquadramento de novos cidadãos para as fileiras do partido.

As campanhas de crescimento do partido foram realizadas de 2004 a 2007, tendo ingressado, no decorrer desse processo, 1.743.826 militantes dos quais 839.666 mulheres, realça o relatório, observando que o aumento do número de partidários tem sido satisfatório, registando-se uma maior incidência na área rural.

“Com vista a facilitar o controlo dos militantes habilitados a exercerem normalmente os seus direitos e deveres, estatuários e a participação destes nas actividades programadas, a direcção do partido decidiu criar o caderno de registo de militantes do MPLA”, indica o relatório.

Precisa que, dado o excessivo número de solicitações, a emissão do cartão de membros foi descentralizada.

De acordo com o relatório, anualmente foram realizados seminários nacionais e provinciais para captação de dirigentes, responsáveis e quadros do partido, membros das direcções das organizações de base e sociais (JMPLA e OMA) sobre matérias relacionadas com o trabalho de recolha, tratamento e envio de dados nos períodos estabelecidos.

Em termos de composição social, o relatório declara que do total dos militantes do MPLA 3.016.277 são camponeses, 683.842 desconhecidos, 340.616 empregados, 369.185 operários, 186.434 intelectuais, 74.109 proprietários, 19.926 autoridades tradicionais e 15.047 artesãos.

Quanto à composição etária, o documento indica que 1.416.433 situam-se na faixa entre 18 e 30 anos, 1.132.017 (31/40), 864.518 (41/50), 619.823 (mais de 50) e 595.645 têm idade desconhecida.

Por outro lado, refere que a nível de escolaridade, 1.882.112 são analfabetos, 412.677 alfabetizados, 940.532 primeiro nível, 470.856 segundo nível, 278.969 terceiro nível, 127.588 ensino médio, 25.344 ensino superior e 567.358 desconhecidos.

Com vista a elevar o nível de controlo estatístico e o conhecimento da realidade social dos militantes, o Bureau Político cessante do MPLA orientou a criação de uma base de dados para a gestão de militantes.

AGORA ME DIGAM-ME QUAL É PARTIDECO QUE DESAFIA O MPLA

Re:Re:Re:Benguela - Lobito

Anónimo - Diaspora (United Kingdom) | 20-10-2010

Podes despejar todo teu fel fanatico que mesmo assim votaremos na UNITA hahahaha estás desesperado nao é? Vêem ai tempos novos, podes crer, o MPLA está a ruir...

Novo comentário

Reflexão da semana

Os Últimos Dias De Savimbi - José Gama

Entre os dias 4 e 8 de  Abril  de 2001,   a UNITA reuniu a sua direcção e militantes,  para reflectir estratégias naquilo que veio a ser  sua 16ª conferência partidária cuja discussão  interna  atribuía-lhe particularidades de  um congresso. O local escolhido foi a  área de saluka, na nascente do rio Kunguene, um afluente do...
1 | 2 | 3 | 4 | 5 >>

 

www.a-patria.com      O portal de noticias de Angola

 

 

Clique no botão Play para tocar o Ipod!

As músicas tocarão automaticamente!



 

Publicite no nosso Site!