A «Árvore das Patacas» e a Globalização - M.M de Brito Júnior

A «Árvore das Patacas» e a Globalização - M.M de Brito Júnior

 

 

 

Árvore das patacas: símbolo de obtenção de dinheiro sem

 

se trabalhar. (Dicionário da Língua Portuguesa - Porto Editora)

 

 

 

 

 

 

Na edição 344 do SA, terminei o meu artigo com a seguinte pergunta: «a árvore das patacas renasceu?». Não formulei esta pergunta à toa e respondo-a eu próprio: sim, senhores e senhoras, a simbológica «arvore das patacas» renasceu e está em pleno florescimento. Senão vejamos:

 

No passado colonial (*), quando, escudados pelo inerente sistema explorativo, os europeus chegavam aqui e em meia dúzia de anos a maioria enriquecia, eram limitados pelas leis então existentes (muitas delas ainda em vigor). As autoridades coloniais legislavam mas tinham capacidade de controlar e fiscalizar o exercício de toda e qualquer actividade.

 

Os colonos enriqueciam sim, porque tudo lhes era favorável, mas obedeciam às leis e os incumpridores sofriam sanções caso se provasse a culpa. As autoridades regravam a vida dos indígenas, mas também a deles próprios, colonos. Sacudiam a «árvore das patacas», mas impunham-se limites para que a colónia (província ultramarina, diziam) não se transformasse numa «selva» para eles próprios. Era impressionante verificar como controlavam, por exemplo, o património do Estado.

 

Ora, como escrevi no trabalho anterior, em consequência da estabilidade politica e económica que o nosso País vive nos últimos 7 anos, o fenómeno da globalização irrompeu e estrangeiros de todos os continentes demandam Angola, com os portugueses à cabeça. Inúmeras missões empresariais aportam Luanda. Muitos outros vêm como investidores, à procura de oportunidades de negócios, à procura de emprego, etc., etc.. e aqui se estabelecem.

 

É notório o ingresso de muitas empresas estrangeiras em vários sectores da nossa economia. Não há mal nenhum nisto, venham com o vosso capital, com o vosso saber e contribuam, legalmente, na reconstrução e desenvolvimento da nossa martirizada terra.

 

O que nos está a preocupar, sim, recolhemos isso em vários círculos sociais e políticos (por isso voltamos a este assunto), é estarmos a constatar que muitos desses empresários, comerciantes, promotores e agentes económicos, estrangeiros e nacionais, agem à vontade, e enriquecem vertiginosamente como que sacudindo a «árvore das patacas» colonial. Atente-se como muitos se comportam na actividade comercial, na construção civil, na execução de infra-estruturas de todo tipo, no imobiliário (a galinha de ovos de ouro), na banca e noutras instituições financeiras, na hotelaria e na restauração, etc., etc.. Muitos especulam, comercializam produtos impróprios para consumo, praticam preços exorbitantes, juros leoninos, executam mal as obras, incumprem prazos, corrompem material e culturalmente, fazem encarecer a vida de cidadãos normais pelo grande poder de compra que possuem (não se importam alugar uma vivenda por 15.000,00 USD mês, pagar uma refeição por 150.00 USD, porque Angola paga, dizem), mas nada lhes acontece.

 

Alguns desonestos e de má fé, ainda gozam connosco dizendo: «vocês correram connosco daqui mas agora precisam de nós e vão pagar caro». Há como que uma impunidade institucional e muitos "espertos" se aproveitam desta fragilidade das instituições para enriquecer sem esforço.

 

Alguns estrangeiros já são latifundiários e exibem às claras todo o poder económico acumulado em meia dúzia de anos. Aiué Angola.

 

Os últimos pronunciamentos do Chefe de Estado e do Procurador-Geral da República indiciam que a cruzada para a moralização da economia do País é para valer. É pois necessário e urgente conter este «assalto» aos nossos recursos, sob pena de hipotecarmos o futuro das novas gerações. A ver vamos.

 

 

(*) Nos tempos que correm já não se fala do colonialismo, é como se ele não tivesse existido, quando, na realidade, os seus efeitos ainda se fazem sentir e de forma agressiva. Quem quer que se ignore ou nos esqueçamos do colonialismo?

 

Fonte: SA

 

 

Comentario

subscrevo o texto

gugu | 15-10-2010

Um texto de se tirar o chapeu, deviam enviar uma copia a presidencia da republica de Angola!

emiratos..

joao paulo | 14-10-2010

Os dirigentes de Angola deviam aprender com os emiratos arabes unidos,no qatar por exemplo,56%da populacao e de origem extrangeira mas "servem" os locais(autoctones),os extrangeiros normalmente fazem trabalhos que o local despresa(caiam na tentacao de comparar com o ocidente porque nao e assim!)e reparem que ao contrario do que se pensa "so" 6% do producto interno bruto deles vem do petroleo(ao contrario do "gigante" angolano),ali o emigrante vai pra dar no duro,vai arregacar as mangas e suar como escravo e ser recompensado como merecem(pagam bem,verdade seja dita,mas mesmo assim pagam um bocado menos que em angola),em angola a historia e outra,o emigrante de pele clara em vez de ir trabalhar vai passar ferias e nesse meio tempo vai trabalhando...e depois tem angolanos a trabalhar pra ele...aonde e que ja se viu isso???!!so mesmo em angola..

Maculusso - Angola

Zé chorão | 14-10-2010

Este é um dos melhores artigos de opiniao que li nesta semana, tocou-me. A resposta a ultima pergunta do texto é esta: o MPLA e José Eduardo dos santos e os seus amigos estrangeiros, principalmente os portugueses.

Namibe

Peixe Podre | 14-10-2010

Eu varias vezes me faço esta pergunta: de que valeu a nossa independencia se continuamos a viver explorados, pobres e sem eira e nem beira e com uma policia que mata o povo angolano?

So se cala quem consente

Maxinde | 14-10-2010

Esta na cara que esta caras acimas referenciados Portugueses Brazileiros e Libanes e outros Sugom de que maneira o nosso pais, mais isto so e possivel porque eles gozom de muitas facilidades, facilidades na bicha dos bancos na aquisiçao do vistos de trabalho de turismo e outros no acesso aos nossos burgueses, na cofiança que os mesmo gozom para gerir negocios dos nossos cotas gatunos que se calhar se entende pelo facto do ladrao estar sempre desconfiado ate nas familias os camaradas entro fazem e desfazem nem sequer sao questionados pelos nossos mais velhos a prova e os grandes desfalques sufridos pelo o grande Nosso Super protagonizado por Brazileiros que ate hoje nao compreendo como caras como eles tiveram acesso tao muito dinheiro dum projecto de dinheiros Publicos so o ZEDU e suas Companheira a DR FATMA VALANTE poderao explicar, o recente caso do Grupo Melo Chavier de tanto confiar no Tuga o Mesmo lhe foi ate Cu ,Praticamente os Libaneses e Chineses Vietenamitas que comercializam Produtos e serviços de Origem duvidosa onde e que ja se viu um Relogio electronico que e importado com custo de produçao de transportaçao e aduaneiro eles chegom aos nossos bolsos Kz 150.00, isto para min cheira lavagem de dinheiro em plena luz do dia para nao falar de muitos que trabalham nas empresas com titulos de Engenheiro Arquitectos, mais no Fundo sao Motoristas o mesmo venhe em Angola para serem Motorista e o MAPESS como se nao lhe visse e para concluir, quando e que os nossos mais velho obrigarom um pula que dorme com filha o neta a fazer Pidido ou Alembamento e defacto Conjunto de Facilidades quer institucional e outras que eles se sente num paraisso esta situaçao nao acaba porque nos Angolanos nao queremos que acabe porque se assim for deixemos de nos maltratarmos o proprio negro nas filas do bancos e alfandegas para dar lugar o branco ou estrangeiro deixemos de dar o grande salario no Branco e no preto apenas dinheiro para fuba, se Fizermos como um professor falecido meu fez enquanto vivo ai sim, estaremos a valorizarmos o mesmos dizia no tempo colonial o negro pegava na pasta do Branco agora eu vou inverter e fez, contratou um branco nao para gerir o dinheiro ou empresa ou fazenda, mais para ser motorista e pegar na pasta enquanto ele bebia, isso sim e que Libertaçao do Fantasma do Branco ou Colono se Preferir.

Diaspora

Kamutokele | 13-10-2010

Grande poder de argumentação. Concordo e subscrevo a analise.

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