A 4 de fevereiro de 1961 o MPLA "reduzia-se a meia dúzia de pessoas em Conacri", revela Historiador

A 4 de fevereiro de 1961 o MPLA  "reduzia-se a meia dúzia de pessoas em Conacri",  revela Historiador

Meio século depois, os ataques de 4 de Fevereiro de 1961 em Luanda continuam a ter leituras diferentes. As investigações mais recentes indicam que o cónego Manuel das Neves, frequentemente referido como chefe do movimento, não o liderou e estava mesmo contra a acção. O levantamento foi um fracasso, mas marcou o início das guerras contra o colonialismo português Meio século depois, os ataques de 4 de Fevereiro de 1961 em Luanda continuam a ter leituras diferentes. As investigações mais recentes indicam que o cónego Manuel das Neves, referido como chefe do movimento, não o liderou e estava mesmo contra a acção. O levantamento foi um fracasso, mas marcou o início das guerras contra o colonialismo português.

 
Os olhos e ouvidos estavam virados para o Recife. O paquete Santa Maria, desviado por Henrique Galvão, já nas mãos das autoridades navais brasileiras, ia nesse dia ser entregue ao adido militar da embaixada portuguesa no Rio de Janeiro. Mas a notícia acabou por chegar de Luanda: coisa nunca vista, grupos armados tinham atacado de madrugada cadeias e instalações oficiais, numa acção que, só mais tarde se perceberia, marcava o início das guerras coloniais.
 
O tom e as palavras do comunicado oficial do Governo-Geral de Angola divulgado naquele 4 de Fevereiro de 1961 pretendiam ser tranquilizadores - "os responsáveis já estão presos na maior parte e a ordem está restabelecida". O futuro mostrou que a apreciação era incorrecta: os acontecimentos de Luanda eram apenas o início da guerra nos territórios controlados por Portugal em África. A ordem nunca mais seria restabelecida.
 
Durante a madrugada, grupos de angolanos, armados sobretudo com catanas, procuraram assaltar a Casa de Reclusão Militar, a Cadeia da Administração de São Paulo, a Companhia Móvel da PSP, a Companhia Indígena e os Correios de Luanda. Resultado: sete elementos das forças de segurança e cerca de 15 atacantes mortos, um número indeterminado de feridos e também um sinal claro de que a harmonia colonial era um mito.
 
Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus, autores do livro Angola 61: Guerra Colonial, Causa e Consequências, o 4 de Fevereiro e o 15 de Março, ontem apresentado em Lisboa, reconhecem que o levantamento ainda é "objecto de discussão e luta ideológica, sendo reivindicado quer pelo MPLA [que se tornaria no partido do poder no pós-independência], quer pela FNLA/UPA", outro dos movimentos de libertação angolanos.
 
Mas a investigadora de História Contemporânea Portuguesa no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e o marido, antigo dirigente da Casa dos Estudantes do Império e professor - que com ela escreveu Purga em Angola: o 27 de Maio de 1977 - consideram que, "apesar de alguns dos participantes militarem nestes movimentos (numa época em que a pertença a este ou àquele grupo não era um dado adquirido), a acção foi desencadeada à margem deles, por iniciativa duma improvisada direcção e por pressão de angolanos detidos e ameaçados de sair de Angola para outras prisões".
 
Já para o historiador angolano Carlos Pacheco, os ataques foram "evidentemente" uma acção da UPA, tanto mais que nessa altura o MPLA estava em fase embrionária e "reduzia-se a meia dúzia de pessoas em Conacri", afirmou ao P2. No livro Angola, um Gigante com Pés de Barro, publicado no ano passado, é ainda mais taxativo: "Nenhum dos revoltosos do 4 de Fevereiro tinha ligações ao MPLA."
 
A acção será no entanto reivindicada em Conacri pelo MPLA, no que, segundo Carlos Pacheco, terá sido uma ideia de Mário de Andrade, um dos seus primeiros dirigentes. A mesma versão é também apresentada por José Freire Antunes, que no livroA Guerra de África 1961-1977, do Círculo de Leitores, cita o irmão, Joaquim Pinto de Andrade. "O Mário disse para o Viriato da Cruz: " Temos que reivindicar isto". Mas, na verdade, o MPLA nada teve a ver com o 4 de Fevereiro."
 
Mas se o levantamento foi da UPA, por que não o reivindicou ela? "Havia duas UPA - A UPA do interior e a UPA do exterior, que não concordava com qualquer acção na capital e por isso não a reivindicou", afirma Pacheco.
 
Os sinais de mudança multiplicavam-se naquele início da década de 60. O sopro independentista traduzira-se, no ano anterior, no nascimento de 17 novos estados em África, entre eles o vizinho Congo, que vivia agora tempos conturbados. Nas Nações Unidas imperava a vontade descolonizadora, mas Portugal argumentava que os seus domínios ultramarinos não eram colónias ou territórios associados e que o que ali se passava era assunto interno.
 
Sinais de mudança
 
No terreno, o descontentamento e hostilidade para com o sistema colonial vinha também crescendo. "Já em 1956, o governador-geral de Angola tinha proibido fotografias de Nasser [Presidente egípcio] em jornais angolanos, visto serem depois afixadas nas casas como sinal de desafio a Portugal. E, em Novembro de 1958, a polícia secreta relatava que o "movimento separatista" redobrava os seus esforços para espalhar a mensagem por Angola", escreveu Filipe Ribeiro de Meneses na obra Salazar - uma Biografia Política, editada no ano passado pela D. Quixote. "Em finais de 1960 já não restavam dúvidas de que a violência estava prestes a chegar a Angola. A questão agora era apenas quando ela rebentaria e se podia ou não ser contida." Relatos de deserções e rumores que circulavam em partes de Angola de que os portugueses tinham envenenado o óleo de amendoim "com o objectivo de matar tantos negros quanto possível" aumentavam a preocupação das autoridades coloniais.No início de Janeiro, os trabalhadores das fazendas de algodão da Baixa do Cassange, distrito de Malange, "pousaram as ferramentas em protesto contra as terríveis condições de trabalho" a que eram sujeitos pela empresa Cotanang, um tratamento que o próprio governador-geral, Álvaro da Silva Tavares, considerava necessário modificar. O protesto, violentamente reprimido, é considerado por Dalila e Álvaro Mateus um "verdadeiro levantamento contra o regime colonial, embora nunca tivesse sido colocada a consigna da independência nacional".
 
Já a 4 de Fevereiro as motivações eram claramente outras. No livro que editou no ano passado, Carlos Pacheco procura reconstituir a preparação e o desenrolar da acção. Os revoltosos ter-se-ão concentrado a partir de 8 de Janeiro nas pedreiras de Cacuaco, nos arredores de Luanda, em pequenos grupos, para não chamarem a atenção da polícia, e aí receberam "rudimentos de treino" de Bento António, identificado como pedreiro a cumprir serviço militar no Exército português. Paralelamente, "ritualizaram-se sessões de reza em feitiçaria, mediante a ingestão de três doses de cadingolo [bebida semelhante à aguardente] por cabeça", para desse modo "imunizar os combatentes "contra as balas dos brancos"".
 
Os ataques em Luanda, escreveu, estariam apenas previstos para 13 de Março, coincidindo com a sublevação que veio a ocorrer a 15 desse mês no Norte de Angola - a outra data marcante no início das guerras em África - e com um debate sobre o território agendado pelas Nações Unidas. Terá sido a presença de jornalistas estrangeiros - que se tinham deslocado a Luanda na expectativa de que o Santa Maria pudesse rumar a Angola - a levar os revoltosos a "não esperar mais". Também Dalila e Álvaro Mateus consideram que a data "não foi casual" e "aproveitava o facto de estarem em Luanda dezenas de jornalistas estrangeiros".
 
Logo nas primeiras notícias sobre o caso é referida uma eventual relação entre o levantamento de Luanda e o desvio do paquete, mas nenhum dos investigadores encontrou elementos que dêem corpo a essa hipótese. Ainda assim, os autores de Angola 1961, editado pela Texto, referiram ao P2 que um dos envolvidos no 4 de Fevereiro, Imperial Francisco Santana, afirmou ter ouvido Domingos Manuel António, o "chefe-geral", dizer que o ataque se fazia naquela ocasião "para coincidir com as revoltas que os portugueses promoviam na Metrópole contra o governo de Salazar". Dalila e Álvaro Mateus consideram "perfeitamente possível que houvesse contactos entre alguns dirigentes do 4 de Fevereiro e elementos da oposição portuguesa em Angola".
 
Na manhã de 3 de Fevereiro, segundo o relato de Carlos Pacheco, um dos revoltosos, Salvador Sebastião, deslocou-se à Igreja dos Remédios e explicou ao cónego Manuel das Neves, membro da UPNA - antecessora da UPA - desde 1955 e inspirador da luta contra o colonialismo, a mudança de planos e a decisão dos chefes operacionais de passarem à acção na madrugada seguinte.
 
O sacerdote considerava que era tempo de "os africanos converterem a sua cultura pacífica de protesto num grande momento de rebelião capaz de provocar violento abanão no edifício colonial". "Se não querem o diálogo ou não querem negociar, então não há outra solução", respondeu, segundo Pacheco, a alguém que, em 1960, o abordou na Sé Catedral, perguntando o que pensava dos movimentos nacionalistas. Mas agora, Manuel das Neves manifestava "muitas reticências" à iminente acção porque "percebeu que a revolta ainda não estava suficientemente madura" e "não interessava atacar às cegas". Terá, no entanto, concluído que "os seus argumentos nessa altura soavam inadequados" e que "não lhe restava outra alternativa senão resignar-se e abençoar a impaciência e o destemor daquele punhado de homens". "Acabou por ser ultrapassado, achava que a acção era extemporânea", confirmou agora o autor angolano.Cónego estava contra
 
Dalila e Álvaro Mateus também dão crédito às informações que referem as reservas de Manuel das Neves, que tinha como pseudónimo "Amigo de Makarius", e era o principal dirigente do movimento no território. No depoimento dado invocam o testemunho de um participante na acção, Mateus Sebastião Francisco, segundo o qual o sacerdote declarou na véspera: "Olhem, meus amigos, se quiserem fazer, façam. Mas eu é que não posso assumir a responsabilidade." E também o de Porto Duarte, um subdirector da PIDE, segundo o qual o prelado tivera conhecimento da preparação do 4 de Fevereiro, mas nada fizera para o evitar.
 
Os autores do livro ontem apresentado citam mesmo um relatório enviado ainda em Fevereiro por Neves à direcção da UPA, onde o cónego escreveu que "os tumultos" foram "estupidamente engendrados". "Peço mesmo licença para dizer que deviam ser fuzilados por nós, angolanos, todos quantos os idealizaram, porque sabiam que daria em fracasso e, consequentemente, morte de gente em massa", refere o documento, constante dos arquivos da polícia política. A PIDE teria aproveitado a situação para se ver livre de Neves, que seria preso em Março e enviado para Portugal no mês seguinte.
 
Carlos Pacheco defende que à cabeça dos revoltosos estava Adão Neves Bendinha, um empregado de escritório, militante da UPA, "figura central" do movimento, e responsável pelo recrutamento de boa parte dos nacionalistas angolanos envolvidos na acção e que seriam sobretudo carpinteiros, pedreiros, marceneiros, sapateiros, pescadores, alfaiates e pintores da construção civil. Mas o casal Mateus chegou a uma conclusão bem diferente: o "chefe-geral" do levantamento foi Domingos Manuel Agostinho, presidente de uma "sociedade" que tinha como objectivo central lutar pela independência de Angola. Agostinho, referem, "manifestou, por mais de uma vez e a vários participantes, a sua simpatia por Agostinho Neto e por outros elementos conotados com o MPLA". Para eles, Bendinha era um personagem secundário, que teria sido informado por um membro da UPA da existência de um grupo que estava a preparar-se para fazer "confusão" e que foi "recrutado tardiamente", já em Janeiro de 1961.
 
Um fracasso
 
Como previa o cónego Manuel das Neves, a primeira grande acção armada contra o colonialismo português saldou-se por um fracasso. Um grupo que se proporia atacar o Aeroporto Craveiro Lopes e incendiar aviões dispersou antes de chegar ao local, alegadamente por ter ouvido tiros. E nos outros objectivos os atacantes foram rechaçados, sem que conseguissem libertar presos ou obter armas de fogo.
 
O ponto de partida para a acção foi, segundo Carlos Pacheco, nas traseiras da estação ferroviária do Mota, a pouca distância do Campo da Académica. "Todos levavam à cintura uma fita com um sortilégio ou um pauzinho nos dentes [de 20 centímetros de comprimento], que se acreditava conter propriedades imunizantes." Os participantes nos ataques são estimados em mais de 200 em ambas as investigações.
 
O grupo que se dirigia à Casa de Reclusão deparou-se com um carro da PSP que o terá procurado interceptar - matou os quatro ocupantes e apoderou-se das suas armas. Mas no que era o seu objectivo principal não passou do pátio e, ainda que tivesse provocado baixas entre os defensores, foi repelido a fogo de metralhadora.Os que se propunham assaltar a Companhia Indígena recuaram também face aos disparos que os receberam. Sempre segundo Pacheco, na Cadeia da Administração de São Paulo, foi morto um guarda, mas, face à reacção, o grupo assaltante fugiu. Na estação central dos correios na Baixa de Luanda foi morto um militar, mas, após alguma luta, os atacantes recuaram, seguindo em direcção à Companhia Móvel da PSP, um centro prisional de onde não conseguiram aproximar-se devido ao fogo cerrado que saía do interior.
 
O primeiro comunicado do Governo-Geral de Angola sobre o 4 de Fevereiro invoca "informações" recebidas nos dias anteriores de que estaria a preparar-se "uma alteração da ordem pública", mas Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus consideram que a acção foi "uma surpresa para militares, polícias e autoridades civis". Ao contrário do que sucederia uma semana depois, na noite de 10 para 11, quando se deu uma nova tentativa de assalto à Administração Civil da Cadeia de São Paulo, bem como à Companhia Indígena. Esta segunda acção já seria "esperada pelas autoridades coloniais, razão que explica o elevado número de mortos e feridos" e inúmeras prisões entre os revoltosos. As acções de Fevereiro de 1961 fizeram virar os olhares para Angola e deram visibilidade à luta contra o colonialismo português.
 
As retaliações e a repressão não tardaram. No funeral dos polícias mortos no dia 4, depois de alegadamente provocados, civis brancos abriram "fogo indiscriminadamente" contra africanos, numa acção que terá provocado 19 mortos e muitos feridos. Como escreveu Filipe Ribeiro de Meneses, "a população branca de Luanda resolveu fazer justiça pelas próprias mãos".
 
O "fosso racial", como o descreve um relatório militar de Abril de 1961, era agora bem evidente. Mas o pior estava para vir. A 15 de Março, dá-se a sublevação no Norte de Angola, uma revolta "prevista", mas que "surpreendeu e perturbou" pela "intensidade, rapidez e selvajaria", como a descreve o casal Mateus, e que provoca a morte de mais de 800 brancos e milhares de negros ao seu serviço, segundo as estimativas conhecidas.
 
Uma carta escrita no início de Abril por um oficial superior da polícia ao pai, que chegou ao conhecimento de Oliveira Salazar e é citada por Meneses, mostra o ponto a que se tinha chegado, com a actuação de milícias civis, que, dizia, "caçam pretos como quem caça coelhos". Mas essa é já outra história. "O 4 e o 11 de Fevereiro foram as primeiras acções, clara e conscientemente, dirigidas contra o colonialismo português", consideram Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus. "Teve, simbolicamente, a importância de ser o ponto de arranque", refere Carlos Pacheco.
 
Quando, pela segunda vez nos seus governos, a 13 de Abril, assume a pasta da Defesa, e dessa forma anula o frustrado golpe de Botelho Moniz, Salazar justifica a remodelação com a situação na maior das colónias africanas, fala da necessidade de a defender a todo o custo e usa palavras que haviam de ficar célebres, ao determinar que era altura de "andar rapidamente e em força" para Angola.
 
 
Fonte: Publico
 

 

Comentario

pesquizar assuntos politicos

joão bernardo sebastião | 15-07-2011

sobre o quatro de fevereiro

Este site difinivamente ENCALHOU

Bangura | 06-05-2011

Tambem reclamo contra a Censura descabidaq no Angola24horas

reclamacao

Afonso Kambuela | 18-03-2011

Mas porque nao Angola 24 horas nao dexia pessoas se esprimire a sua vontade so quem fala la e Mandavind do mpla porque?Angola so lhe pertence? ja localizamos aquele homen tarde ou sedo vai pagar

PSYCHOTIC NIGHT

KAVALERA | 10-03-2011

LETS GET INSANE!!!!!
Dia 12 no kings club (vila alice) a partir da 23h00 PSYCHOTIC NIGHT-ROCK VS TRANCE VS METAL
Uma noite muito diferente das outras.....
atreve-te

Oh Kamolakwame...

Fanfarrão | 22-02-2011

Não é o Zé que quer a tua cabeça, se bem que aquele é um dos carrascos do povo angolano mais lixado, são os gajos que te assaltaram na lac quando payavas os teus books

Partilhar o que e bom e um ato de amor tambem. Ser Bufo-traidor e Servil e uma flagrante falta de amor....

Bangura | 09-02-2011

**AMAR É UMA DECISÃO, NÃO UM SENTIMENTO**

**-Um esposo foi visitar um sábio conselheiro e disse-lhe que já não **
amava sua esposa e que pensava em separar-se.
-O sábio escutou-o, olhou-o nos olhos e disse-lhes apenas uma palavra:
-Ame-a. E calou-se.
-Mas, já não sinto nada por ela!
-Ame-a, disse-lhe novamente o sábio.
-E diante do desconcerto do homem, depois de um breve silêncio,
disse-lhe o seguinte:
-Amar é uma decisão, não um sentimento;
-Amar é dedicação e entrega.
-Amar é um verbo e o fruto dessa acção é o amor.
-O amor é um exercício de jardinagem: arranque o que faz mal,
prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide.
-Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excessos de chuvas,
mas nem por isso abandone o seu jardim.
-Ame quem está ao teu lado, aceite-a, valorize-a, respeite-a, dê
afecto e ternura, admire e compreenda-a. Ame!
POIS, A VIDA SEM AMOR, NÃO TEM SENTIDO.
-A inteligência sem amor, te faz perverso.
-A justiça sem amor, te faz implacável.
-A diplomacia sem amor, te faz hipócrita.
-O êxito sem amor, te faz arrogante.
-A riqueza sem amor, te faz avaro.
-A docilidade sem amor te faz servil.
-A pobreza sem amor, te faz orgulhoso.
-A beleza sem amor, te faz ridículo.
-A autoridade sem amor, te faz tirano.
-O trabalho sem amor, te faz escravo.
-A simplicidade sem amor, te deprecia.
-A oração sem amor, te faz introvertido.
-A lei sem amor, te escraviza.
-A política sem amor, te deixa egoísta.
-A fé sem amor te deixa fanático.
-A crença sem amor se converte em tortura,

E a vida sem amor... não tem sentido*

Ajudem-no porfavor

Povo | 06-02-2011

O General Zé Maria é acusado de perseguições e autoritarismo pelo poeta-declamador Kamolakamwe

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Notícias - angola24horas
O poeta-declamador, Fridolim Kamolakamwe, acusou esta semana o General Zé Maria oficial de Contra Inteligência Militar da República de Angola de estar a protagonizar actos para a sua captura.

O portal Angola24horas apresenta a carta de acusações do poeta-declamador, Fridolim Kamolakamwe na Integral.

Queira antes de quaisquer preâmbulos,aceitar as minhas mais resignadas saudações patrióticas.

Permita-me antes, confessar, a si, aos leitores do Angola 24 horas, ao povo angolano, aos meus fãs e discípulos na arte, que se no momento em que vos escrevo não estivesse já morto, imitando embora ainda os vivos em algumas faculdades, talvez vos não importunasse com tamanha denuncia, que confesso, me causa bastante desconforto redigir. Mas como quem já não tem nada,nada tem a perder,hei por mim a encavalar-me para tamanha ousadia, que uma vez comparada ao silencio ao qual me venho remetendo ao longo de dolorosos 14 meses dá igual.14 meses em que venho tentando uma conciliação com os meus “carrascos”,ao mesmo tempo que venho tentando desesperadamente socorrer-me dos préstimos de Sua Excelência o Camarada Presidente da República José Eduardo dos Santos,mas em vão,um homem que deu provas de um amadurecimento político,ao negociar com um exército derrotado,abrindo as portas para democratização do País.

Permitam-me ainda confessar, que se o assunto não condicionasse de forma tão apoplética a vida de terceiros, preferiria morrer em silencio. Mas hei por mim a fazé-lo,numa altura em que não sei se viverei para ver o sol raiar,antes que os cães de guerra dos Serviços de Inteligência Militar,mandatados pelo General José Maria e comparsas me alcancem o pescoço,ou raptem a minha esposa ou um dos meus filhos,como vem tentando ao longo desses 14 meses, visando os seus intentos malabaristas:Silenciar-me.Depois de um namoro de 2 nos que só terminou como terminou porque eles próprios assim o quiseram.Hei por mim a redigir o mais desconfortante documento alguma vez por mim escrito,denunciando uma perseguição implacável movida por esses Terroristas de Sofá que usam as instituições legalmente estatuídas para promover a luta contra o pobre,enquanto a pobreza que grassa lá fora entre as massas,de onde somos oriundos ameaça engolir o país.Levando à cabo ações macabras que dilaceram o pulmão de per si já caquético desta democracia ainda embrionária.

Excelência! Caros leitores, povo angolano, digníssimos fãs e admiradores do meu fazer artístico. No momento em que vos escrevo,mais uma das minhas contas bancárias 45286198/10 acaba de ser congelada.Desta feita no banco BIC,numa manobra urdida pelos Serviços de Inteligência Militar,em conluio com entidades que trabalham na sombra.Sabe-se lá sob que alegações.

Como se não bastassem os telefonemas anônimos,os raptos a que escapamos,eu e minha esposa,grampeamentos de telefones,rastreamento por GPS...etc.,etc.Razao pela qual,depois de muito ponderar sobre a questão uma vez goradas todas as tentativas de conciliação,cumpre-me trazer à tona da água a verdade sobre os factos que ora me tornam num dos homens mais procurado desses tempos de pós guerra .

Nos primórdios do ano de 2008, eu e mais um amigo, conhecido por Brigadeiro 10pacotes, músico Raper cuja música tem um carácter revolucionário e de pendor sócio-intervencionista, fomos contactados por pessoal afecto aos Serviços de Inteligência Militar (SIM), nas pessoas do General Filó, Brigadeiro Duda, Brigadeiro Neto, General Nelito, alegadamente por “indicações superiores”, e sob a égide do General José Maria, no sentido de incorporarmos, as pretensões eleitorais do partido (MPLA) no âmbito da campanha eleitoral, visando as suas aspirações nucleares: angariar mais votos. Uma vez que gozavamos, e continuamos a gozar de um grande impacto junto das massas mais desfavorecidas, dado o teor das nossas letras que cantam basicamente a dor e o sofrimento do povo._um viveiro eleitoral que ninguém ousaria negligenciar. Diga-se de passagem!_Em contrapartida beneficiaríamos de um pacote de benesses. O pacote incluía, conforme as promessas feitas: uma residência própria no projecto nova vida, uma viatura de marca hyundai santa fé, o pagamento de propinas para os nossos filhos, subsídio alimentar mensal, e um valor em dinheiro de duzentos mil dólares.

1. Essas negociações,que começaram nos meados do mês de Julho à Agosto de 2008,nos levariam a fazer uma intervenção algo musculada em plenos órgãos de difusão massiva,com destaque para a TPA,e a RNA,em que aparecemos de forma flagrante no telejornal,demarcando-nos dos ideais oposicionistas ao MPLA,proibindo concomitantemente o maior partido na oposição a UNITA de fazer uso do nosso produto intelectual (música e poesia na verdade mais as músicas do Brigadeiro 10Pacotes) nas actividades políticas do galo negro,em relação à qual, o MPLA certamente já acalentava uma vontade endêmica de desfeitear nas urnas da forma mais humilhante possível, custasse o que viesse a custar.

Em resposta aos acordos,o brigadeiro e eu embrenhamo-nos afincadamente na campanha eleitoral,num esforço hercúleo cuja veracidade,os meios de difusão,vectores do quotidiano angolano registaram. Incentivando os nossos fãs pelo País inteiro, a aderir e votar massivamente no MPLA; Uma mobilização na qual estivemos envolvidos com afinco pelo país inteiro até o término do pleito. Tendo desembocado na vitória retumbante do MPLA.Longe de nós pretender que tenha sido por causa de nós que o grande e arguto MPLA ganhou.Aliás,quem somos nós afinal, se não pobres famintos,a coberto de uma arte que anda centenariamente mais falida do que nós próprios? Mas também não seria verdade se disséssemos que não participamos desta vitória. Aliás,só o facto de termos sido chamados a participar,se não diz nada,diz no mínimo alguma coisa à reflexão de qualquer um.

2. No prosseguimento do dossiês com vista a prevenir eventuais represálias por parte de elementos afectos à UNITA,segundo o que nos foi dito,os Serviços de Inteligência Militar,numa acção coordenada,acharam por bem,abrigar-nos no complexo turístico Futungo de Belas II;Coisa que veio a efectivar-se entre os primeiros dias do mês de Agosto,até sermos transladados para um apartamento mobiliado no prédio número 12 do condomínio com o nome “ Projecto Nova Vida”,no mês de Setembro.O apartamento fora atribuído inicialmente ao Brigadeiro 10Pacotes.Sendo que, duas semanas depois me foi igualmente atribuído um apartamento mobiliado,na rua 50, primeiro andar porta 14 do edifício número 90. Com a promessa velada de dentro de poucas semanas, sermos agraciados com outros meios remanescentes do pacote em causa.

3. Ora,passado um ano sem que se efectivassem as promessas anteriormente feitas,fui mais uma vez transladado para um outro apartamento,no prédio 50,terceiro andar,porta 33 no mês de Agosto de 2009.O que reforçou a convicção de que abrir-se-ía um ciclo de transladões que jamais teria o seu culmino.Pelo que,eu e o meu amigo,achamos por bem,redigir uma carta à Sua Excelência o Presidente da República,à Sua Excelência o Vice-Presidente do MPLA,e ao general José Maria, uma carta à qual intitulamos de “Relatório de Discrepância”,aonde chamávamos atenção para essas falhas nos compromissos assumidos,uma vez que havíamos cumprido com a nossa parte,e apelávamos humildemente à uma urgente revisão deste quadro que vinha afectando as nossas vidas particulares e de nossas famílias;Sendo que nos vínhamos debatendo com inúmeras dificuldades de natureza básica. Tendo algumas semanas depois sido convidados para uma reunião de conciliação na cidade alta,com os Generais: Filó,Nelito,Brigadeiro Duda e outro cujo nome me escapa. Durante a reunião foram passados em revista os pontos constantes da carta,sem que se tivesse apontado uma solução clara para a nossa situação e de nossas respectivas famílias. Tendo os generais Filó e Nelito, ficado com a responsabilidade de comunicar essa pretensão ao General José Maria,que se fez ausente da reunião.

3. O silêncio continuou a pairar sobre o dossier. Claramente abandonados à nossa sorte,e com dificuldades de base, sendo que o Brigadeiro dez pacotes estava padecendo de problemas cardíacos,e eu me tinha recentemente submetido à uma nova intervenção cirúrgica na perna esquerda da qual sou manco desde Setembro de 2002;Além disso, a minha esposa estava com um parto de risco,tendo sido submetida a uma cesariana .Razão pela qual me desloquei à Província de Benguela,onde viria a ser detido no mês de Março sem qualquer mandado de captura por dois indivíduos que se diziam da DNIC.Um tal de Albuquerque, e o outro Fortunato;Tendo sido solto mais tarde,mediante negociações. Tendo concomitantemente perdido a guarda da tal famigerada residência. Semanas depois,o mesmo sucederia ao Brigadeiro 10 Pacotes.Fechava-se assim um capítulo sobre esse dossier tão enevoado.

Pelo que se pode facilmente depreender, cumprimos o nosso dever conforme constava do protocolo de cooperação. Faltando apenas aos Serviços,honrarem com a sua palavra.Coisa que não acontece. Entretanto, ao invés disso, E O QUE É MAIS GRAVE! Surpreendo-me, não só com uma situação social de extrema penúria, reforçada por um cancelamento das minhas actividades sociais, incluindo restrições em movimentos e congelamentos de contas bancárias, telefonemas anônimos e ameaças por telefone, por parte de entidades obscuras supostamente “agentes da lei”. Mas igualmente com uma ordem para me eliminar fisicamente.

Uma ordem da qual tomei conhecimento,graças à entidades que professam alguma simpatia pela minha/nossa causa.Ora,essa pretensão poderia ter tido lugar á 16 de Setembro de 2010, após a minha participação na “Gala do Herói Nacional”,ocorrida no Cine Tropical.Uma armadilha da qual saí ileso sabe Deus como!As entidades que me ajudaram, preveniram-me da possibilidade de a perseguição estender-se para lá da minha imaginação. Razão pela qual me desloquei apressadamente para o Huambo onde tinha a esposa e os filhos,no sentido de evacuar a família.Talvez tenhamos nos demorado por demais,pois, no mesmo diapasão,e visando ainda levar à cabo as suas macabras pretensões,na noite do dia 4 de Outubro na Província do Huambo,cinco indivíduos que se faziam transportar numa viatura verde-escuro de marca Suzuki e vidros esfumados,um dos quais escuro e forte,caixa de óculos,envergando fardamento das FAA apareceram em minha casa,com as ordens expressas que já eram do meu conhecimento: “Eliminar-me fisicamente e fazer desaparecer o corpo”.Tendo escapado pelo tecto da casa,usando as traseiras da mesma,enquanto os mesmos diligenciavam-se em telefonemas!

Não satisfeitos com a minha evasão, segundo a minha fonte, no dia 9 de Outubro após rondarem a casa por mais cinco dias, sem encontrarem rastos da minha pessoa, de Luanda veio uma ordem expressa para raptar a minha esposa e o bebê de nove meses e usar como chantagem. Caso eu me não entregasse voluntariamente,a minha esposa seria violada e morta em seguida,ao passo que o bebê permaneceria como refém.Razão pela qual diligenciei-me junto de entidades que não posso revelar,no sentido de retirar a família dalí imediatamente.Pelo que nos encontramos foragidos até a data em que vos escrevo,para preservar o bem mais sagrado que pode existir no universo: A VIDA HUMANA.Vivendo entretanto,num clima de tensão permanente e de medo,sem horizontes nem esperança,EXILADO EM SUA PRÓPRIA TERRA,MAIS POBRE DO QUE JÁ ESTAVA ANTES DE SER CONVIDADO A FAZER PARTE DESTE DOSSIER.Uma questão que acredito friamente fugir do conhecimento quer de sua excelência o Presidente da República,do povo angolano,e dos milhares de jovens que se revê em mim,e aos quais mobilizei a votar no mesmo partido que ou ajuda a me matar,ou assiste impávido.

Todavia, uma vez terminado o ano de 2010, surpreendi-me com um telefonema do Brigadeiro Duda no início do mês de Janeiro, desejando-me irónicamente “Feliz Ano Novo” após um silencio tumular. Durante os telefonemas, pois outros seguiram-se, e eu tenho as gravações, implorei que houvesse por bem arranjar uma conciliação junto dos Serviços de Inteligência Militar, pois eu estava ao corrente de todas tentativas frustradas para me assassinar, e inclusive fiz-lhe saber que tinha uma das minhas contas bancárias congeladas. O Brigadeiro limitou-se a responder com evasivas,e inclusive a sonegar as minhas afirmações.Tentando fazer parecer que tudo estava na maior paz.Entretanto,o brigadeiro pediu-me que lhe enviasse por e-mail,as provas que eu tinha sobre as tentativas de assassinato.Prazer que não satisfiz.Alguns dias depois,eu receberia um telefonema de uma individualidade bem posicionada nas lides televisivas e artísticas da Província do Lubango,cujo nome só não vou citar por uma eterna gratidão,por muito ter influído na minha projeção na mídia televisiva,nos primórdios da minha carreira.Esta entidade convidava-me antecipadamente a participar de um espetáculo no dia 14 de Fevereiro de 2011 “Dia de São Valentim”.

O que essa individualidade e o Brigadeiro Duda não sabiam é que duas semanas antes eu já tinha sido informado pela minha fonte, de que esse convite aconteceria,mas não se trava se não de mais uma “armadilha” visando raptar-me e então consumar o acto.Razão pela qual condicionei a minha ida ao Lubango nos seguintes termos: “Uma vez que o Lubango,depois de Luanda é uma das minhas praças fortes em termos de vendas,eu só vou ao Lubango se o senhor se dignar em patrocinar a reprodução de um disco de poemas de amor que tenho gravado,uma vez que seria desperdício de tão querido que sou no Lubango,deslocar-me para lá sem levar discos.Por outra,envio o número da minha conta no banco BIC 45286198/10 para que sejam depositados os valores correspondentes às passagens,para mim e a minha banda”.Só posso dizer que essa mesma entidade nunca mais voltou a ligar,e o Brigadeiro Duda idem.

Entretanto,uma vez que estou consciente do quanto os meus passos devem ser amiudados enquanto não se encontra uma solução mais a meu favor,passei um cheque à alguém,que fosse ao banco levantar um valor de cinco mil da mesma conta.Para minha grande surpresa,a conta estava congelada...Razão pela qual decidi romper o silencio,após longo período de tempo,tentando negociar.No momento em que vos escrevo.Encontro-me num estado de espírito quase indescritível por via de palavras.Sem saber quando chegará o momento de embarcar desta para melhor. GOSTAVA DE SUBLINHAR EM LETRAS GARRAFAIS,QUE O QUE ME LEVA A ESCREVER NAO É A REIVINDICACAO DOS TAIS FAMIGERADOS BENS.E SIM QUE ME SEJA DEVOLVIDA A MESMA POBRESA ANTERIOR E A PAZ,UMA VEZ QUE NADA FICO A DEVER À ELES,QUE NAO ELES À MIM!É O MÍNIMO QUE PECO EM TROCA DO VOTO QUE DEI AO MPLA,ONDE SEI QUE NEM TUDO É JÓIO.DIZER IGUALMENTE,QUE ESTE CICLO DE DENÚNCIAS, VISANDO REPOR A VERDADE DOS FACTOS,E AO QUAL DEI INÍCIO, CULMINARÁ COM UMA MARCHA SOLITÁRIA COM INÍCIO NA ESTÁTUA DO FUNDADOR ATÉ À CIDADE ALTA,ONDE ESPERO QUE ELES ME MATEM À LUZ DO DIA!

Pelo que, sou a implorar, os vossos melhores ofícios, no sentido de publicar essa denúncia que traz todos laivos de um desabafo, resultante deste quadro dantesco e totalmente atroz em que se vê mergulhado um pobre jovem, que mais não fez se não abraçar a campanha do partido maioritário até a sua retumbante vitória, socorrendo-se para tal de todos artifícios intelectuais e espirituais à sua disposição.

Aproveitando o ensejo para apelar à solidariedade internacional, apelar à ajuda de todos os poetas do mundo. Pois, uma perseguição contra qualquer poeta em alguma parte do mundo,representa em última instancia uma perseguição contra todos os poetas do mundo em qualquer parte!

Sem outro assunto, de momento, cioso de que a questão em epígrafe merecerá de vossa excelência a mais especial, a mais cuidadosa e mais sábia atenção, e posterior deliberação, subscrevo-me com apetência, sob os pretextos da minha mais auto-estima, e elevada consideração.

Atentamente

Fridolim Kamolakamwe Correia

Poeta-Escritor/Tradutor e Intérprete

E-mail: kaula10@hotmail.com
Angola24horas.com

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